A dificuldade do acesso à água e aos babaçuais devido à presença das cercas elétricas, na Baixada Maranhense, a tentativa de homicídio sofrida por Francisca Nascimento, coordenadora geral dos Movimentos de Quebradeiras de Coco Babaçu do Brasil (MIQCB), no Piauí, e as constantes agressões e ameaças sofridas pelas quebradeiras de coco babaçu foram denunciadas durante o Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama), em Brasília, na manhã de hoje. Os relatos foram feitos pela quebradeira de coco maranhense Maria de Jesus Ferreira Bringelo, Dona Dijé, uma das fundadoras do MIQCB e atual coordenadora da regional do Mearim, no Maranhão.
De fala mansa e com extrema sabedoria de quem vivencia há décadas a luta pelo território, água e pelos direitos das mulheres negras e quebradeiras de coco babaçu, dona Dijé chamou atenção para a situação gritante da violência sofrida por milhares de mulheres trabalhadoras extrativistas. “As mulheres das águas, das florestas e dos campos são ainda mais vulneráveis, pois, a violência chega muita das vezes pelas mãos daqueles que têm a obrigação de nos proteger”, ressaltou.
Durante sua participação no Fama, dona Dijé denunciou a ameaça mais recente sofrida por uma quebradeira de coco babaçu, no Piauí. No início do mês, a coordenadora geral do MIQCB, Francisca Nascimento, sofreu uma tentativa de homicídio em represália por liderar as comunidades do seu município para a reconstruírem a represa Santa Rosa, na região dos Cocais no Piauí. Na ocasião, dona Dijé apresentou um vídeo com o depoimento de Francisca Nascimento sobre o atentado e mostrando imagens da represa de água já recuperada, beneficiando mais de 20 comunidades. “É por meio da união das comunidades e povos tradicionais que conquistamos os nossos direitos”, enfatizou dona Dijé.
O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), atua no Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, com o apoio da União Europeia. As ações são direcionadas para o fortalecimento da luta pela existência e implementações das políticas públicas que assegurem e resguardem os direitos das comunidades e povos e tradicionais como as quebradeiras de coco babaçu.
Sobre o MIQCB
Movimento que representa mais de 350 mil quebradeiras de coco babaçu em todo o país. Fisicamente, o MIQCB está presente em quatro estados: Maranhão, Pará Piauí e Tocantins, onde cerca de 80% das quebradeiras não possuem a posse ou o domínio da terra. Pela Constituição Federal, por serem comunidades tradicionais, elas têm o livre acesso aos babaçuais, pois, utilizam o babaçu para sobrevivência em regime de economia solidária e familiar. O movimento luta por esses direitos.
O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), atua no Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, com o apoio da União Europeia. As ações são direcionadas para o fortalecimento da luta pela existência e implementações das políticas públicas que assegurem e resguardem os direitos das comunidades e povos e tradicionais como as quebradeiras de coco babaçu.
O MIQCB atua nas seguintes regiões e municípios:
• Maranhão: regionais Baixada Ocidental, Imperatriz e Mearim/Cocais (27municípios/1.700 famílias envolvidas).
• Tocantins: Regional Bico do Papagaio (12 municípios/250 famílias).
• Piauí: Regional Cocais/Esperantina (11 municípios/680famílias);
• Pará: Regional Sudeste Pará/Araguaia (4 municípios/230 famílias).
• Totalizando 4 estados, 6 regionais, 54 municípios e em torno de 2.900 famílias envolvidas diretamente.
Sobre o FAMA:
O Fama está sendo realizado em Brasília, desde o dia 17 de março e encerra no próximo dia 22. O evento é organizado por movimentos populares do campo e da cidade em oposição ao Fórum Mundial da Água. O objetivo do Fama é denunciar a maneira irresponsável da utilização da água pelas grandes corporações e chamar a população para participar do processo, principalmente aqui no Brasil, onde tem um grande número de concentração de água. O Brasil
concentra 12% de toda a água doce do mundo e é o maior detentor deste recurso natural. Não à toa, grandes empresas que têm como fonte de renda a distribuição de água, recorrem ao Brasil para garantir sua produção. Por outro lado, mais de 48 milhões de brasileiros ainda são afetados por secas e estiagens e outras 34 milhões de pessoas não têm acesso à rede de abastecimento de água potável, segundo dados do relatório de Conjuntura de Recursos Hídricos da Agência Nacional das Águas, a ANA.
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