De um saber popular único, alta capacidade organizativa, resistência e força, as quebradeiras de coco babaçu vão fazendo história e contando essa experiência em diálogos de troca de saberes. É o que acontecerá no evento “O Cerrado em toda parte”, no próximo dia 09/10 no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro. Uma programação especial foi organizada, das 10h às 17h, com palestras debates, atividades para crianças e jovens e exibição de filmes. As inscrições, que são gratuitas podem ser realizadas no site do museudoamanha.org.br. A realização do evento é do Museu do Amanhã com a ActionAid e a Rede Cerrado, o evento tem apoio do Critical Ecosystem Partnership Fund, da DGM Brasil e da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.
A relação de bem viver que as quebradeiras de coco babaçu mantêm com o meio ambiente em especial as florestas de palmeiras babaçu e o cerrado (vários estados de atuação do MIQCB estão inseridos no bioma cerrado) será também foco dos debates no painel Observatório do Amanhã. Para dona Maria do Socorro Teixeira Lima, coordenadora do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), a relação é de respeito com a nossa mãe palmeira, não existe apropriação, mas sim o sentimento de pertencimento com o território e nossa luta vai além do acesso livre ao território, as mulheres são incentivadas a refletir sobre a sua condição, sobre as relações de gênero, gerações e etnias, bem como, a encontrar soluções conjuntas para seus principais problemas, inclusive formas de eliminar abusos e violências contra a mulher”, enfatizou a coordenadora do MIQCB.
A situação do cerrado é preocupante no país. Vale ressaltar que esse bioma é a savana mais rica em biodiversidade no mundo. Ocupa cerca de um quarto do território do Brasil e se estende por 12 estados, fazendo o papel de elo entre os demais biomas do país. Considerado o berço das águas, o Cerrado abriga três grandes aquíferos e as nascentes de importantes rios que fluem por todo o país. Até mesmo as bacias do Amazonas e da Prata, que banha países vizinhos, recebe as águas que brotam no Cerrado.
Toda essa riqueza é protegida por povos ancestrais, alguns que ocupam o Cerrado antes mesmo dos colonos pisarem no Brasil, e outros que passaram a viver ali no desenrolar da história pós Colombiana. Mas essa preciosidade está sob ameaça. Só entre 2016 e 2017, o Cerrado perdeu o equivalente a mais de 1 milhão de campos de futebol, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Uma ameaça aos seus povos, sua cultura e sabedoria ancestral.
Encantadeiras
Outro momento especial durante a programação será a apresentação do grupo Encantandeiras, formada por quebradeiras de coco babaçu do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins. O momento marcará uma homenagem a Maria de Jesus Bringelo, dona Dijé, uma grande liderança reconhecida internacionalmente e nacionalmente, vítima de infarto fulminante no último dia 14 de setembro.
As Encantadeiras apresentam uma proposta diferenciada. Elas utilizam o canto para transformar, denunciar, confortar e sobreviver. Lutam pacificamente pela garantia dos seus direitos e a preservação de sua cultura. Criado em 2014, pelo MIQCB e pela Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão (Assema). Suas canções embalam o mundo de quem, desde a infância, acompanhava mães, avós, tias, e afins, em caminhadas rumos aos babaçuais. As canções também são vistas como expressão da luta política de atores sociais, na esfera pública, na luta pelo reconhecimento à cultura livre do babaçu, à valorização do trabalho da mulher, e à luta pelo acesso e preservação dos babaçuais.
Programação:
LOCAL: AUDITÓRIO DO MUSEU DO AMANHÃ
Programação manhã (Inscreva-se aqui)
10h – Seminário “O Cerrado em toda parte”
Mesa institucional de abertura:
10h15 – 13h – Roda de conversa
Mediação: Flavia Oliveira, jornalista
Bloco 1: O que é o Cerrado, qual sua importância, quem são e como vivem seus povos guardiões.
Bloco 2: Qual risco o Cerrado corre, como seus povos estão sendo ameaçados, como as águas e a vegetação tem sido comprometidos pelo modelo de desenvolvimento.
Bloco 3: Ações da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado para proteger os povos
e o bioma, convite para adesão à petição para tornar o Cerrado patrimônio nacional.
Programação tarde (Inscreva-se aqui)
Sessão de filmes
14h – Sertão Velho Cerrado
Brasil, 2018 – André D’Elia
Preocupados com o fim do Cerrado no estado de Goiás, os moradores da Chapada dos Veadeiros buscam alternativas de desenvolvimento para sua região. Filme vencedor do Prêmio do Público na Competição Latino-Americana.
16h – Guardiões do Cerrado
Brasil, 2017, 12’ – Fabio Erdos
Povos indígenas, quilombolas e quebradeiras de coco babaçu falam do Cerrado, seus modos de vida e as ameaças de devastação. Filme indicado a premiação de Rio WebFest.
16h45 – Seu churrasco tem soja?
2017 – 35’ – Thomas Bauer
Pequenos agricultores e indígenas falam sobre as dificuldades diante da perda de suas terras e territórios e os males causados pelos agrotóxicos usados nas plantações de soja no Cerrado. Filme apresentado em festivais no Brasil e na Europa
LOCAL: TERREIRO DE CURIOSIDADES
Programação Manhã
Se esta Terra falasse
10h – Especialistas do Museu de Mineralogia Aitiara (MuMA) apresentam a formação do aquífero Guarini, uma das reservas hídricas mais importantes do mundo localizada no Cerrado, e demonstram o funcionamento do arenito Botucatu, rocha porosa do aquífero que absorve água.
11h30 – Artista plástica Marcia Porto conduz oficina de pintura coletiva com pigmentos
terrosos a partir de informações sobre o Cerrado. Ao final da oficina, os participantes montam painel com suas pinturas.
Programação Tarde
Se esta Terra falasse
14h – Especialistas do Museu de Mineralogia Aitiara (MuMA) apresentam a formação do aquífero Guarini, aquífero Guarini, uma das reservas hídricas mais importantes do mundo localizada no Cerrado, e demonstram o funcionamento
do arenito Botucatu, rocha porosa do aquífero que absorve água.
14h45 – Apresentação das Encantadeiras, grupo musical de quebradeiras de coco babaçu, sobre sua defesa das palmeiras que só crescem na região do Cerrado, e seu canto de trabalho na quebra do coco da palmeira, seu meio de vida.
15h30 – Artista plástica Marcia Porto conduz oficina de pintura com pigmentos terrosos a partir de informações sobre o Cerrado.
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