A arte de cantar acompanha as quebradeiras de coco babaçu desde muito cedo. Acompanhada pelas avós, mães, tias, essas mulheres aprendem desde criança que as canções são uma maneira de expressar luta e resistência de um modo de vida tradicional como a quebra do coco babaçu. Em apresentação no Museu do Amanhã (RJ) na última semana, as vozes das Encantadeiras do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) ecoaram e posicionaram sobre a necessidade do reconhecimento à cultura do babaçu, à valorização do trabalho da mulher, à conquista pelo acesso livre ao território e a necessidade de preservação dos babaçuais.
A atividade integrou a programação do “O cerrado em toda parte”, organizada pela Rede Cerrado e ActionAid e apoio do Critical Ecosystem Partnership Fund, da DGM Brasil e da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental. Durante a programação, as Encantadeiras fizeram uma homenagem a dona Maria de Jesus Bringelo (Dona Dijé), vítima de um ataque fulminante em, setembro. Ela era uma grande liderança, reconhecida nacionalmente e internacionalmente e que integrava o grupo de canto das Encantadeiras.
Para a dona Sebastiana Silva (Dona Moça), o momento foi especial. “Apresentar o nosso modo de vida pela música e um lugar como o Museu do Amanhã é conscientizar pessoas da necessidade de atentarem para a preservação ambiental”. Para a Maria das Dores Lima, a Dôra,a homenagem prestada a Dona Dijé por meio da música é um reconhecimento pelo comprometimento dela com a luta. “Emoção define esse momento de pudermos apresentar a nossa luta para as pessoas do Museu do Amanhã tendo dona Dijé como o nosso referencial”, enfatizou.
O grupo das Encantadeiras é formado por quebradeiras de coco babaçu de quatro Estados: Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins. As mulheres são remanescentes de várias comunidades quilombolas, reunidas em coral para lutar pacificamente pela garantia dos seus direitos e a preservação de sua cultura, tendo como protagonismo a quebra do coco. O babaçu nasce da palmeira, árvore que se reproduz com extrema facilidade em solos férteis ou não, e suas florestas se estendem desde o norte do Tocantins até o norte do Maranhão, e do leste do Pará ao oeste do Piauí.
As quebradeiras, por sua vez, compuseram seu modo vida a partir dessa planta nativa e dos vários produtos que podem ser extraídos desta palmeira. Essa extração é, na maioria dos casos, uma atividade feminina e complementar, porém essencial para a família. As quebradeiras de coco babaçu são fruto de uma história rural marcada pela dominação territorial (protagonizada especialmente por latifundiários), pela escravatura, pela desvalorização da mulher, pela ligação intensa das pessoas com a terra e também pelo descaso governamental.
As quebradeiras encontraram na música uma maneira de resistência e divulgar a sua luta. O grupo foi criado em 2004 e de lá para cá foram mais de 20 apresentações em turnê nacional e internacional. O MIQCB incentiva e inviabiliza o canto por meio das Encantadeiras para que a arte se perpetue nas novas gerações das quebradeiras de coco babaçu. O canto se apresenta como um canal de diálogo entre as quebradeiras mais experientes com as novas gerações de comunidades e povos tradicionais e também com a sociedade.
Atividade sobre o cerrado
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