11/03/2019 3:09 pm

Quebradeiras de coco babaçu do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins ocupam as ruas pela garantia dos Direitos

Centenas de quebradeiras de coco babaçu, extrativistas, quilombolas, indígenas ocuparam as ruas dos Estados do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins tornando ainda mais visível a luta pelos direitos das mulheres, neste 08 de março. As mulheres preencheram as ruas pela paridade de gênero, fim do feminicídio, valorização da mulher extrativista, acesso livre ao território, garantia dos direitos, homenagens e protesto à vereadora assassinada no ano passado, no Rio de Janeiro, Marielle Franco (Psol), e pela defesa dos direitos das mulheres frente às propostas já apresentadas pelo go

verno Bolsonaro, entre elas ao impacto da Nova Previdência – texto proposto pelo governo federal, que ainda passará pelo Congresso Nacional – na vida das mulheres brasileiras.

O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu organizou e participou de vários atos pelo país. Uma programação com muitos debates em prol da melhoria das condições das quebradeiras de coco babaçu marcaram o Dia da Mulher. As vozes das centenas de quebradeiras de coco babaçu ecoavam um só discurso; o acesso livre ao território, aos babaçuais, a preservação do meio ambiente, o respeito ao modo tradicional de vida e a necessidade de aprovação, com a intensa participação das quebradeiras, na confecção da lei do Babaçu Livre, que garante o acesso livre ao território e a preservação dos babaçuais.

Os babaçuais, que estão sendo devastados, principalmente, para o agronegócio em várias regiões. São grandes empreendimentos que chegam com o discurso da responsabilidade social e compensação ambiental “muitas dessas palmeiras nos acompanham desde a infância. São nossas mães. Dói escutar o gemido de uma palmeira morrendo ao ser envenenada ou cortada”, desabafou dona Maria Antonia Souza, líder quilombola e quebradeira de coco babaçu na Baixada Maranhense.

Elo entre a quebradeira de coco e a palmeira

O elo entre uma quebradeira de coco e uma palmeira é intenso, respeitoso e de muita cumplicidade, a começar pelo gênero. As datas que marcam a vida de uma mulher marcam também a da palmeira. Aos 15 anos, as palmeiras começam a colocar os primeiros cachos e de nove em nove meses completam o ciclo da reprodução. Por meio das florestas de babaçuais, as mulheres quebradeiras de coco do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins se reafirmam como comunidades tradicionais agroextrativistas.

Incidência política

Uma relação que se transforma em resistência e luta. As quebradeiras de coco babaçu estão organizadas por meio do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins (MIQCB), desde 1990. São regiões que concentram 80% dos babaçuais do Brasil. De um saber popular único, alta capacidade organizativa, coragem e força, as mulheres incansáveis, por meio do MIQCB, sensibilizaram e conquistaram aliados no meio acadêmico e agências de cooperação, ganhando visibilidade nacional e internacional.

Lutam principalmente pela regularização e acesso do/ao território e acesso aos recursos naturais, que compõem a base de sustentação das comunidades agroextrativistas. Elas são também incentivadas a refletir sobre as relações de gênero, gerações e etnias, bem como, a encontrar soluções conjuntas para seus principais problemas, inclusive formas de eliminar abusos e violências contra a mulher. Dentre os principais resultados dessa caminhada de luta, enfrentamentos, encontros, articulações e cantigas destacam-se: valorização do modo de vida da mulher quebradeira de coco; aumento do capital social das comunidades; desenvolvimento de capacidades, lideranças e empreendedorismo entre as mulheres a exemplo da criação da Cooperativa Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – CIMQCB, fundada em dezembro de 2009; fortalecimento da organização social das mulheres em várias frentes, inclusive contra a violência física e sexual.

Violência

A luta das quebradeiras de coco babaçu é intensa. Enfrentam a violência no campo (somente no Maranhão, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra – CPT, seis lideranças estão ameaçadas de morte), e integram estatísticas do Caderno de Conflitos da CPT que registrou 2017 como o maior número de assassinatos em conflitos no campo dos últimos 14 anos. Foram 71 assassinatos, 10 a mais que no ano anterior, quando foram registrados 61 casos (31 destes assassinatos ocorreram em 5 massacres, o que corresponde a 44% do total).

Sobre as quebradeiras de coco babaçu

O MIQCB emerge como uma organização que representa os interesses sociais, políticos e econômicos deste grupo, dando a estas mulheres a possibilidade de serem vistas e reconhecidas. Isto possibilita a chance de se desenvolverem, por meio do conhecimento e experiência que o trabalho do movimento oferece, bem como a verem o mundo além das comunidades. A luta, antes relacionada com o direito à terra e ao babaçu, passou a ser uma luta pela qualidade de vida da mulher no campo.

O MIQCB atua nas seguintes regiões e municípios:

• Maranhão: regionais Baixada Ocidental, Imperatriz e Mearim/Cocais (27municípios/1.700 famílias envolvidas).

• Tocantins: Regional Bico do Papagaio (12municípios/250 famílias).

• Piauí: Regional Cocais/Esperantina (11 municípios/680famílias);

• Pará: Regional Sudeste Pará/Araguaia (4 municípios/230 famílias).

• Totalizando 4 estados, 6 regionais, 54 municípios e em torno de 2.900 famílias envolvidas diretamente

Essa área de abrangência possui cerca de 500 mil famílias no meio rural, em sua maioria caracterizada pela predominância de agroextrativistas, com presença marcante das mulheres quebradeiras de coco babaçu, portanto, o Movimento estima que suas conquistas geram benefícios diretos e/ou indiretos para cerca de 300 mil mulheres quebradeiras de coco babaçu.

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