2/04/2019 2:59 pm

MIQCB presente na Roda de Diálogos  Defesa dos Territórios Étnicos e Conflitos na Amazônia

Na última sexta-feira, Helena Gomes, vice-coordenadora geral do MIQCB participou da Roda de Dialogos em Defesa dos Territórios. A atividade foi promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia da UEMA. Participaram dos debates, representantes dos povos e comunidades tradicionais dos quilombos de Alcântara, de terreiro de Paço do Lumiar e quebradeiras de coco babaçu. Na coordenação dos trabalhos, o professor Alfredo Wagner Berno de Almeida, antropólogo com pesquisas nos campos da etnicidade, conflitos, movimentos sociais, processos de territorialização e cartografia social.

Presentes estavam representantes do MIQCB, Movimento dos Atingidos pelo Centro de Lançamento de Alcântara, do terreiro Ilê Axé Olundumare. Todos posicionaram sobre os desafios enfrentados pelas comunidades envolvendo o território.

Os quilombolas de Alcântara enfrentam o desrespeito em relação à história com a instalação do CLA. “Há 38 anos a base de Alcântara funciona sem licença ambiental”, afirmou Dorinete Serejo, do Movimento dos Atingidos pela Base de Alcântara. Desrespeito e desmatamento também na região de Paço do Lumiar com os empreendimentos imobiliários do projeto Minha Casa, Minha Vida. “Esse ano é de Ogum e de Xango, entidades que estão proporcionando esse volume de água e fazendo ressurgir os rios e lagos”, disse Mãe Venina Carneiro do Terreiro Ilê Axê Oludumare . “Mas nõ podemos depender somente da mãe natureza, é preciso garantir a nossa história, também, por vias legais.

Quebradeiras e babaçuais resistem

O trabalho de pesquisa desenvolvida pela equipe da Cartografia Social registrou um aumento no número de hectares das florestas de babaçuais. De 18 milhões de hectares foi para 27 milhões de hectares. Para a vice coordenadora do MIQCB, e liderança na região dos Cocais, Helena Gomes, enfatizou a importância da parceria entre as quebradeiras de coco babaçu e os pesquisadores continuar. “Conseguimos com a com a nossa luta, garra, inteligência e Deus na nossa vida resistir, quando a troca de experiência e o conhecimento chegam até nós, por meio dos pesquisadores, a nossa luta ganha aliados. Foi estratégico termos registrados, as comunidades e a vida nos babaçuais é importante para seguirmos, ainda mais em tempos tão difíceis, onde as políticas públicas não estão sendo planejadas para atender os povos e comunidades tradicionais”, desabafou Helena Gomes.

Para o antropólogo, Alfredo Wagner Berno de Almeida, atuante nos processos de territorialização e cartografia social, os movimentos mais do que nunca têm que se fortalecer uns nos outros para resistirem. “Antes a luta era contra os grandes latifundiários, hoje a estratégia é incentivar o conflito interno entre as comunidades para enfraquecer a luta”, enfatizou.

O trabalho da Cartografia é um importante aliado junto aos povos e comunidades tradicionais. “Conhecemos as comunidades, interagimos e trocamos informações para apresentarmos os mapas sociais dos babaçuais que vão ao encontro de dados oficiais que insistem que as florestas de babaçuais estão morrendo”, enfatizou.

Com o material produzido, tem-se não apenas um maior conhecimento sobre o processo de ocupação dessa região, mas sobretudo uma maior ênfase e um novo instrumento para o fortalecimento dos movimentos sociais que nela existem. Tais movimentos sociais consistem em manifestações de identidades coletivas, referidas a situações sociais peculiares e territorializadas. Estas territorialidades específicas, construídas socialmente pelos diversos agentes sociais, é que suportam as identidades coletivas objetivadas em movimentos sociais. A força deste processo de territorialização diferenciada constitui o objeto deste projeto. A cartografia se mostra como um elemento de combate. A sua produção é um dos momentos possíveis para a auto-afirmação social. É nesse sentido que o PNCSA busca materializar a manifestação da auto-cartografia dos povos e comunidades nos fascículos que publica, que não só pretendem fortalecer os movimentos, mas o fazem mediante a transparência de suas expressões culturais diversas.

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