Uma noite agradável de fortalecimento da luta das mulheres. De ambos os lados duas grandes ativistas feministas, a experiente quebradeira de coco babaçu, Rosa Gregório, e a pesquisadora e ativista feminista, Silvia Federici. Ambas com suas experiências próprias e de grande contribuição para a resistência e consolidação do feminismo. Elas estiveram juntas em uma mesa de debates na última semana para trocar ideias junto aos participantes da atividade. A organização foi do Fórum Maranhense de Mulheres com o apoio do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu.
Os estudos de Silvia Federici sobre o passado são frequentemente interrompidos por uma pergunta insidiosa. Por que, apesar dos avanços, os feminicídios parecem crescer no mundo? Parte das respostas está no recém-lançado livro Mulheres e Caça às Bruxas, motivo da visita da pensadora italiana a São Luís. A obra retoma os temas de seu ensaio mais famoso, Calibã e a Bruxa, no qual defende que a perseguição se relaciona com as raízes do capitalismo e com a atual violência contra as mulheres. A caça aos pobres, a conquista da América Latina, a escravidão. Tudo isso foi historicamente reconhecido como processo fundamental da construção da sociedade capitalista.
Para a quebradeira de coco babaçu e líder reconhecida nacionalmente pela resistência e pela luta ao acesso livre ao território, Rosa Gregório, a violência enfrentada hoje pelas mulheres da cultura da quebra do coco passa pela expansão do capital. “As terras de uso coletivo estão cada vez mais ameaçadas pelo agronegócio, pela monocultura e os povos e comunidades tradicionais que dali usufruem o bem viver também estão ameaçados”, ressaltou. “O importante é continuarmos a luta, o fortalecimento da mulher nesse contexto é essencial para a resistência e seguirmos em busca dos nossos direitos”, complementou.
A caça às bruxas foi, em linhas gerais, um grande ataque à posição social feminina. “Hoje não nos queimam, mas nos matam, nos esquartejam”, disse Silvia Federici. As mulheres estão no centro dos ataques, institucionais e individuais. “É preciso começar a construir, de baixo, outra sociedade. Não seremos capazes de resistir a este ataque sem uma luta que seja também construtora”, disse Silvia. Para Rosa, essencial é a união e o fortalecimento da mulhar”. O feminismo não te põe como sujeito abstrato. E isso encoraja, torna as mulheres parte de algo maior que elas mesmas, permite superar medos e misérias individuais. “Não digo que os homens não possam compreender isso, mas acho que as mulheres entendem melhor”, finalizou Silvia.
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