Um grande coro contra a devastação ambiental ecoou por três cantos da cidade de Imperatriz na última sexta-feira, 25. Cerca de 300 pessoas entre elas quebradeiras de coco babaçu, quilombolas, indígenas, todos de comunidades tradicionais, e integrantes das organizações e movimentos sociais da Articulação Tocantinense de Agroecologia (ATA) protestaram contra os danos ambientais. As manifestações aconteceram na cidade de Imperatriz (MA), município que faz divisa com a região do Bico do Papagaio, em frente à Fábrica da Empresa Suzano Papel e Celulose, em seguida na Praça de Fátima, e, por fim, na Ponte Dom Afonso Felipe Gregori.
Cruzes foram fincadas em frente a empresa Suzana, simbolizando a morte de milhares de plantas nativas, dos rios e de centenas de comunidades impactadas pelo empreendimento. As ações buscam sensibilizar e conscientizar a população para a grave situação ambiental dos estados que já compromete o abastecimento de água, a saúde e a qualidade de vida das populações urbanas e rurais. Para a quebradeira de coco babaçu, Maria do Socorro Teixeira Lima, presidente da Rede Cerrado e integrante do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, é importante “esclarecer a sociedade urbana de que lutamos por um rio sadio, floresta em pé, pela saúde de todo povo, do campo e da cidade”, enfatizou.
Buscando um diálogo e a interação entre o campo e a cidade, os manifestantes seguiram para o centro de Imperatriz, na Praça de Fátima. Uma performance foi apresentada tendo a agroecologia como alternativa de mudança desse contexto: que prioriza a monocultura, o agronegócio com a utilização dos agrotóxicos. As manifestações artísticas envolveram povos indígenas, quebradeiras de coco babaçu, quilombolas e juventudes rurais.
Para a jovem agricultora e estudante da Escola Família Agrícola do Bico do Papagaio, Antônia Ruth, é preciso mostrar para a cidade o que o campo está fazendo. ‘’Uma manifestação como esta que fazemos aqui hoje é importante porque podemos mostrar que estamos produzindo de maneira agroecológica e diversificada, sem precisar envenenar nossas plantações e rios, desmatar ou poluir’’, enfatiza.
Outro local impactado pela ação dos grandes empreendimentos é o rio Tocantins, que conecta os dois Estados (Maranhão e Tocantins). Um grande abraço simbólico foi dado por cerca de 300 pessoas que se posicionaram na Ponte Dom Afonso Felipe Gregori. Três faixas foram armadas em cima da ponte com os dizeres “Agronegócio é Morte”, “Agroecologia é Vida” e “Suzano Mata as Águas”. De maneira pacífica os manifestantes entoaram cantos e clamaram por suas demandas.
O desmatamento das florestas, a poluição dos rios e a contaminação de alimentos devido ao uso de agrotóxicos não são novidades nos estados do Tocantins e Maranhão. Acompanhando estes crimes ambientais estão também as violações de direitos territoriais dos povos indígenas, quebradeiras de coco babaçu, e comunidades tradicionais, que sofrem diariamente com as consequências da expansão desmedida do Agronegócio.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, em 2018, aconteceram 43 conflitos no campo no Tocantins, envolvendo 7.890 pessoas. Já no Maranhão este número é ainda mais alarmante, pois foram contabilizados 201 ocorrências e mais de 80 mil pessoas envolvidas. Os conflitos apurados pela Pastoral estão relacionados à disputa por terra, água e trabalhistas.
De acordo com o Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e do Ministério da Saúde, cada brasileiro consome mais de 7 litros de agrotóxico por ano. Ainda com base no estudo, pesquisas apontam que o consumo de agrotóxicos pode causar uma série de doenças, como a infertilidade, problemas motores e neurológicos.
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