Agricultores(as) familiares, pescadores(as) artesanais, quebradeiras de coco babaçu e marisqueiros(as) das comunidades rurais da Reserva Extrativista e de seu entorno apresentaram grande variedade de alimentos saudáveis produzidos em seus roçados, quintais, rios, igarapés, mangues e praias da Zona Rural da Ilha de São Luís, além de artesanatos de qualidade e outros produtos durante a realização da 1ª edição da Feira da RESEX de Tauá Mirim. Foi uma reafirmação da viabilidade do modo de vida tradicional.
Quebradeiras de coco babaçu da região estiveram presentes com seus produtos derivados do fruto. Biscoitos, mingau, azeite e farinha de mesocarpo foram negociados ao longo da feira. A expansão da cadeia do babaçu como a produção do mingau e biscoito foi resultado do Mutirão da quebra do coco babaçu, realizada na comunidade do Cajueiro em outubro desse ano. Uma atividade resultado da troca de experiências entre quebradeiras de coco do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu com as mulheres da comunidade de Cajueiro.
A feira, que foi realizada no campus da Universidade Federal do Maranhão, no último dia 05 de dezembro foi organizada pelo Conselho da RESEX de Tauá-Mirim com apoio do Sindicato dos Professores da UFMA (APRUMA), Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA), Associação Agroecológica Tijupá (TIJUPA) e Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Sem Terra (MST).
Valorização do modo de vida
Para a quebradeira de coco babaçu, artesã e moradora do Cajueiro, Lucilene Cantanhede Rodrigues, a coletividade fortalece a luta e nosso modo de vida tradicional. “Importante a exposição dos nossos produtos, é uma maneira de nos reafirmamos como povos e comunidades tradicionais”. Em outubro desse ano ela teve o quintal invadido e diversas árvores foram derrubadas, comprometendo a matéria prima que trabalha para a produção do artesanato. A invasão se deu por empregados e seguranças armados da TUP Porto São Luís que trabalha na instalação de um terminal portuário privado de capital majoritariamente chinês e que conta com parceria e apoio irrestrito do Governo do Maranhão, que, ao licenciar um empreendimento que causa seríssimos danos socioambientais e também publicar decretos que tornam a área de utilidade publica e concede à referida empresa a prerrogativa de “negociar” com os moradores(as) a sua saída do território, demonstra claramente a sua conivência com a extinção desta comunidade que tem mais de 100 anos.
Outros alimentos em destaque na Feira – além do camarão, frutas nativas, artesanato local – foi a grande diversidade de produtos derivados do coco babaçu, tambem produzidos no Cajueiro. Essa produção foi resultado de um mutirão de quebra do coco babaçu, em um encontro entre os(as) moradores (as) da comunidade e quebradeiras de coco babaçu da Baixada Maranhense e região do Médio Mearim ligadas ao Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), o que reafirmou ainda mais suas identidades como quebradeiras de coco babaçu e as fortaleceu em sua inserção na cadeia do babaçu por meio da culinária com a produção de mingau, biscoito e bolos da farinha do mesocarpo do babaçu. Todos os 130 potes de biscoitos foram comercializados na Feira RESEX de Tauá-Mirim.
Ameaças
“É importante colocar que os produtores(as) que estarão presentes na Feira representam populações tradicionais que são as maiores guardiães e
mantenedores(as) da rica biodiversidade da Ilha de São Luís”, enfatizou o professor do GEDMMA, Horário Antunes. Eles resistem e lutam pela existência de suas comunidades, cultura e modos de vida hoje seriamente ameaçados por grandes empreendimentos (industriais e portuários, em especial) que avançam cada vez mais sobre esses territórios, com explicito apoio dos governos locais. A proposta “oficial” de Revisão do Plano Diretor do município de São Luís, ora em curso, demonstra esse apoio governamental de forma clara, ao propor a redução de mais de 8 mil ha (algo em torno de 40%) da zona rural de São Luis.
Na feira estavam presentes comunidades da RESEX: Taim, Rio dos Cachorros, Cajueiro, Tauá-Mirim além de produtores(as) de Vila Nova República, Matinha, Pedrinhas e Vila Embratel. Essas comunidades garantem parte importante da produção de alimentos saudáveis e de base agroecológica consumidos na Ilha de São Luís tendo papel relevante na promoção da segurança alimentar e nutricional – da população em geral – e trabalho, renda na Zona Rural da capital maranhense.
Sobre a criação da Resex
São mais de 10 anos de luta, ameaças sofridas pela comunidade e seus apoiadores e muita resistência. A Resex Tauá Mirim é uma área verde cercada de plantas de empreendinentos industriais, portuários e minerários. Os manguezais do Taim, ficam espremidos entre o complexo portuário e o distrito industrial do Maranhão. A extração dos recursos naturais são as principais fontes de renda para os nativos dessa comunidade rural, que fica a sudoeste da ilha de São Luís. Tornar esse lugar uma reserva extrativista é um sonho antigo dos nativos. A conservação dos recursos naturais deve servir para proteger o modo de vida das populações tradicionais do vilarejo. A lentidão no andamento do processo de criação da reserva extrativista de Tauá-Mirim não desanimou as populações tradicionais do Taim. Uma gente que nasceu pertinho do mar e aprendeu a viver da natureza e defende o ambiente para as gerações do futuro.
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