O domingo foi diferente para a luta e resistência dos povos e comunidades tradicionais. Uma voz se calou para sempre na região do Bico do Papagaio. No final da manhã, Helena Gomes, filha de dona Maria Raimunda, e enteada de seu Antônio Carvalho de Bezerra, conhecido como Antônio Cipriano, tinha falecido. Um silêncio respeitoso se instalou nos parceiros de luta. Ele era viúvo de dona Maria Raimunda (liderança reconhecida nacionalmente e internacionalmente na quebra do coco babaçu). A foto de Thomas Bauer registrou o momento do casal.
Ele foi determinante para a luta e resistência territorial no Bico do Papagaio. Em uma de suas últimas participações em atividades, durante a realização do Encontro de Agroecologia do Tocantins, realizado em outubro desse ano, ele narrou como enfrentou na década de 70 e 80 os fazendeiros da região. Na ocasião, ele dividiu a mesa com a antropóloga e ex-presidente do Conselho de Segurança Alimentar (Consea), Maria Emília Pacheco. Em sua fala categórica, a pesquisadora falou “É preciso rememorar as histórias das pessoas como a de dona Raimunda, Dona Dijé, Dada em um momento tão forte de desprezo e negação da democracia”. Mais um guerreiro se junta a essa memória, o seu Antônio Cipriano.
Antonio Cipriano, morador antigo de Sete Barracas, em São Miguel do Tocantins , era viúvo de dona Maria Raimunda (liderança reconhecida nacionalmente e internacionalmente na quebra do coco babaçu). Lutou junto às quebradeiras de coco babaçu e ajudou no impulsionamento e na construção de políticas de inclusão social e desenvolvimento sustentável das regiões onde atuara. Juntos consolidaram e deram voz aos ideais humanitários e ambientais em busca do bem-viver.
O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco do Brasil (MIQCB) se solidariza com a família de seu Antonio Cipriano. Reconhece a importância de sua liderança e trabalho para a conquista fundiária e para fortalecimento da luta das quebradeiras de coco babaçu.
O advogado e integrante do Conselho Nacional de Direitos Humanos, que esteve em Sete Barracas em 2017, Marcelo Chelreo publicou em sus redes sociais: Há pouco mais de um ano falecia d. Raimunda Quebradeira de Coco, agora falece ‘ seu ‘ Antônio Cipriano ( como era conhecido ), viúvo dessa mulher que fez e faz parte da luta das mulheres por dignidade e terra; ‘ seu ‘ Antônio, também ele importante liderança no Bico do Papagaio. Que o exemplo desse casal combativo e comprometido com luta por pão, terra e liberdade se faça sentir por muitos e muitos anos.
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