O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu parabeniza todas as mulheres que estão em luta na defesa de seus territórios e do Babaçu Livre. Ser mulher quebradeira de coco é resistência, é exercer seu papel político na luta pela manutenção e reconhecimento da quebra de coco, do seu modo de vida, do bem viver e do acesso livre aos seus territórios. É quebrar as cercas físicas vindas por meio do agronegócio, das grandes plantações, da mineração e outros males do capital, mas também derrubar as cercas impostas por um machismo que violenta e tende a limitar a força política dessas mulheres.
Durante todo o mês de março, as regionais que abarcam o movimento estarão em atividades temáticas como mostras fotográficas em homenagem as quebradeiras de coco, seminários com jovens e mulheres pautadas em produção, conquistas de mercados e avanços políticos das mulheres, feiras com vendas de produtos, rodas de conversas e caminhadas pelas ruas dos municípios e comunidades. Toda programação poderá ser acompanhada por meio do facebook.
Para além do dia dedicado à mulher, as batalhas na busca por direitos e valorização são diárias. Abaixo, relembramos o manifesto QUEBRADEIRAS: OS ENCANTOS DA RESISTÊNCIA PELA CONSERVAÇÃO escrita para a campanha Filhas da Mãe Palmeira, as quebradeiras de coco babaçu, organizado por meio do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, e com o apoio da União Europeia e da ActionAid:
Há pelo menos 3 gerações encontramos nosso bem viver na palmeira babaçu. O coco que ela nos dá vira de tudo em nossas mãos: é o que nos mobiliza pela conservação da natureza ao nosso redor e das comunidades nativas da nossa região; é o alimento que nos sustenta; é o teto que nos abriga;
Filhas da Mãe Palmeira, nossos corpos e ciclos de mulher possuem muito em comum com a natureza do babaçu. Assim como nós, que geramos vida em 9 meses, a palmeira babaçu amadurece o cacho de coco nesse mesmo tempo. O coco babaçu que nos alimenta remete ao formato dos nossos seios que alimentam nossas crias. Nós, quebradeiras, somos irmãs do leite de babaçu, que nutre as nossas famílias desde a infância. E é por essa relação simbiótica com o babaçu que levamos com honra o título de Guardiãs dos Babaçuais.
Nossa história enquanto povo tradicional foi construída pelas mãos calejadas de mulheres fortes. Com a beleza e a firmeza de uma luta travada por mulheres. Se antes nossa atividade era desvalorizada, hoje estampamos o orgulho de preservar nosso sustento e tradições, mesmo diante das dificuldades que sempre nos foram impostas. Ser quebradeira é uma escolha feita por cada uma de nós. Uma escolha desafiadora, mas repleta de força e luz e encarada com muita alegria.
Ao longo dos anos de luta, conquistamos respeito e reconhecimento dentro e fora do Brasil. Nossa principal conquista foi a autonomia que alcançamos por meio de cada coco quebrado, por nossa união. Conquistamos um papel político importante como mobilizadoras, numa caminhada com outros povos tradicionais. Conquistamos visibilidade e a possibilidade de oferecer melhores condições às nossas famílias – e com isso, conquistamos dignidade.
Mas as cercas seguem avançando e isolando as florestas de babaçu, cerceando assim nosso bem viver. E se a resistência contra o livre acesso aos territórios segue avançando, a nossa resistência pelo babaçu livre segue se fortalecendo.
Seguiremos lutando pela conservação dos babaçuais, pelo acesso ao território, pela preservação da nossa identidade cultural e pela manutenção de tudo o que conquistamos de uma forma tão bela.
Não existimos sem as florestas de babaçu, sem nossa Mãe Palmeira. E se não resistirmos, as florestas também deixarão de existir.
MIQCB
MOVIMENTO INTERESTADUAL DAS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU
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