O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu-MIQCB, juntamente com a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) e outras organizações parceiras da Marcha das Margaridas entregaram a pauta de reivindicações ao Governo Federal e ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (21/06), no Palácio do Planalto, em Brasília/DF.
O evento foi iniciado com uma mística potente das Margaridas, com suas bandeiras, seus cantos, seus sonhos e suas lutas. E, na sequência, a secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, apresentou a Pauta e entregou o documento para Ministros e Ministras do Governo Lula.
“Em agosto, vamos realizar a 7ª Marcha das Margaridas”, anunciou Mazé Morais, que disse ainda que, nesse ano, a Marcha completa 23 anos e 40 anos do assassinato de Margarida Alves. “Nós nos guiamos pelos princípios do feminismo anticapitalista, antirracista e antipatriarcal. Um feminismo que valoriza a vida, vinculado à defesa da agroecologia, dos territórios, dos bens comuns e da soberania e autodeterminação dos povos”.
O MIQCB participou da atividade ao lado de centenas de mulheres. O Movimento foi representado pela coordenadora geral, Maria Alaídes, a coordenadora da Regional Tocantins, Ednalva Ribeiro e a assessora, Sandra Regina.
“Somos as guardiãs das florestas de babaçu. Lutamos pelo bem viver nos nossos territórios, mantendo sempre o equilíbrio com os recursos naturais e a sociobiodiversidade. Então, participar e juntar nossa voz com essas mulheres é gratificante. E esperamos que o diálogo e as negociações rendam bons frutos, pois era esse o nosso desejo: dialogar com um governo democrático e popular. Acreditamos que é possível mudar o mundo para mudar a vida das mulheres e mudar pelo bem viver”, destacou Maria Alaídes.
O documento, que foi entregue a diversos ministros e ministras de Estado e parlamentares, traz os anseios, os quereres e as prioridades apontadas pelas Margaridas do campo, da floresta e das águas.
A pauta traz propostas organizadas em 13 eixos temáticos: Democracia participativa e soberania popular; Poder e participação política das mulheres; vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo; autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade; proteção da natureza com justiça ambiental e climática; autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética.
A pauta incluiu ainda temas como: democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios; Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns; Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional; Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda; Saúde, Previdência e Assistência Social pública, universal e solidária; Educação Pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo; e Universalização do acesso à internet e inclusão digital.
Pelo governo, a agenda de negociações será coordenada pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, pelo ministro do MDA, Paulo Teixeira, e pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, reconhecendo a relevância da voz feminina e a pertinência das pautas trazidas, assumiu o compromisso de dialogar com outras pastas. “Queremos ver a participação política das mulheres no campo, ou em todos os espaços em que vivemos. A Marcha vem para fazer diferença no Brasil e eu vou trabalhar para garantir todas as respostas das reivindicações”, explicou a ministra.
Participaram do evento as ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima); Nísia Trindade (Saúde); Anielle Franco (Igualdade Racial); Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação); Daniela Carneiro (Turismo); Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos); e o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), entre outros representantes e autoridades.
O que é a Marcha das Margaridas?
A Marcha das Margaridas é a maior ação política de mulheres da América Latina com protagonismo das mulheres do campo, da floresta e das águas, coordenada pela CONTAG e 16 organizações parceiras.
Nesta 7ª edição, a meta é reunir mais de 100 mil mulheres do campo, da floresta, das águas e das cidades de todos os estados brasileiros e de outros países, em Brasília/DF, nos dias 15 e 16 de agosto, pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver.
A partir da entrega da pauta, a expectativa é que sejam abertas as negociações com o Executivo e o Legislativo federal e que a resposta seja apresentada durante a Marcha das Margaridas, que ocorrerá nos dias 15 e 16 de agosto deste ano, em Brasília/DF.
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