22/08/2023 10:53 am

Quebradeiras de coco Babaçu do MIQCB floriu Brasília na 7º Marcha das Margaridas

Brasília ficou florida com as ruas tomadas por mais de 100 mil Margaridas do campo, da floresta, das águas e das cidades, na manhã desta quarta-feira (16/08). As quebradeiras de coco babaçu dos estados do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, que são acompanhadas pelo Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu-MIQCB, não ficaram de fora da maior ação política de mulheres da América Latina. Com suas bandeiras, chapéus de palha, faixas, com seus cantos, batuques e toda a garra e energia, as Margaridas percorreram um trajeto de aproximadamente 6 quilômetros, na luta pela reconstrução do Brasil e por uma sociedade do bem viver.

A 7ª Marcha das Margaridas foi realizada nos dias 15 e 16 de agosto, em Brasília-DF e abordou o tema: Margarida em Marcha pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver. O primeiro dia começou com uma agenda política muito importante: uma Sessão Especial no Senado Federal, em Homenagem a Marcha das Margaridas. Mais de 120 margaridas encheram a plenária do Senado para participarem desse momento, e assistiram aos discursos de parlamentares, onde muitos falaram sobre a história de luta de Margarida Alves e das mulheres que viajaram de diversos lugares do Brasil para participarem da 7ª Marcha e representarem as reivindicações de milhões de mulheres do campo, das florestas e das águas.

As coordenadoras do Miqcb, Maria Alaídes de Sousa (Maranhão), Ednalva Ribeiro (Tocantins), Cledeneuza Maria Bizerra (Pará) e Maria de Jesus Silva (Piauí) participaram da solenidade.

Ao longo do dia, a programação concentrou no Pavilhão de Exposição do Parque da Cidade e contou com realização de oficinas temáticas e lúdicas, rodas de conversa sobre temas de interesse, tendas de cura com massagens e terapias integrativas, atividades autogestionadas pelas entidades parceiras da Marcha, apresentações culturais dois grandes painéis temáticos: Soberania alimentar e agroecologia como o caminho para a superação da fome e Reconstrução do Brasil para o Bem Viver com a participação política das mulheres: desafios e perspectivas.

Durante a programação as quebradeiras de coco das seis Regionais do Miqcb contribuíram com várias temáticas, com destaque para os painéis: Proteção da Natureza com Justiça Ambiental e Climática; Autodeterminação dos Povos com Soberania Alimentar, Hídrica e Energética e Democratização de Acesso à Terra e Garantia dos Direitos Territoriais (Tribunal das Mulheres); Democratização do Acesso à Terra e Garantia dos Direitos Territoriais e Maretórios.

“Estamos aqui representando quebradeiras de quatro estados: Maranhão, Pará, Tocantins e Piauí para reivindicar, junto com milhares de mulher, a reconstrução do Brasil e o Bem Viver para todas nós. Queremos educação de qualidade e contextualizada, direito à saúde, preservação do meio ambiente, dos nossos babaçuais. Estamos aqui para reforçar que onde tem uma palmeira em pé, tem uma mulher”, declarou Maria Alaídes, coordenadora geral do MIQCB.

Um dos destaques da Marcha das Margaridas foi a Mostra Nacional da Produção das Margaridas. Um espaço onde foi exposto diversos produtos que identificam a cultura, o modo de vida, o território e demais características das guardiãs dos saberes e dos seus modos de produção da vida. No espaço ocorreu ainda troca de sementes e rodas de conversa. O Miqcb, por meio da presidente da Cooperativa Interestadual as Quebradeiras de Coco Babaçu-CIMQCB, Maria do Rosário apresentou a história das quebradeiras e os produtos das quebradeiras de coco: azeite, óleo, biscoito, sabonete e outros produtos.

Na manhã do segundo dia (16/08), mais de 100 mulheres percorreram cerca de 16 km até a Esplanada dos Ministérios onde foram recebidas presidente Luiz Inácio Lula da Silva e suas ministras e ministros de Estado onde fizeram anúncios importantes em resposta à Pauta da Marcha das Margaridas, entregue em 21 de junho ao governo federal.

A ministra da Mulher, Cida Gonçalves fez os seguintes anúncios:

– Assinatura da portaria reinstalando o Fórum Nacional de Políticas para as Mulheres Agricultoras do Campo, da Floresta e das Águas;

– Assinatura da portaria garantindo um Fórum de Discussão para questão das mulheres Pescadoras, Marisqueiras e das Águas para fechar uma política nacional para esse setor junto ao Ministério da Pesca;

– Colocar 270 unidades móveis, carros, vans e veículos que possam chegar a qualquer lugar, com profissionais de saúde, de delegacia e outras áreas necessárias, sob responsabilidade dos municípios;

– Instalação da portaria que trata da Ouvidoria Itinerante;

– Trabalho junto aos Correios para que as mulheres possam mandar cartas que cheguem direto ao gabinete da ministra.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, também fez anúncios importantes:

– 90 mil quintais produtivos;

– 25 milhões de ATER para prática agroecológica, metade destinada a mulheres;

– Lançamento do Programa Cidadania e Bem Viver, junto com os Ministérios do Trabalho, das Mulheres e da Previdência, para retomar o Programa Nacional de Documentação da Mulher Trabalhadora Rural, criado no primeiro mandato do Lula;

– Lançamento do programa emergencial de Reforma Agrária, para assentar 7.200 famílias, sendo 5.700 com novos assentamentos e 1.500 com crédito fundiário;

– Regularização de 40 mil famílias em assentamentos;

– Duplicação dos pontos das mulheres, que terão 10 pontos a mais que homens, para entrar no Programa de Reforma Agrária;

– R$ 300 milhões para crédito de instalação para as famílias da reforma agrária;

– Decreto que cria grupo de trabalho pra construir o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural;

– Instituição da Comissão Nacional de Enfrentamento à Violência no Campo;

– R$ 100 milhões para compra de leite, e iniciar um processo de aumento de produtividade da cadeia de leite no Brasil.

No ato de encerramento da 7ª Marcha das Margaridas, o presidente Lula assinou vários decretos:

– Instituição do Programa Quintais Produtivos para Mulheres Rurais;

– Decreto sobre seleção de famílias e retomada da reforma agrária;

– Instituição da Comissão de Enfrentamento à Violência no Campo;

– Instituição do Grupo de Trabalho Interministerial para o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural;

– Instituição do Programa Nacional de Cidadania e Bem Viver para as Mulheres Rurais;

– Instituição do Pacto Nacional de prevenção aos feminicídios;

– Retomada da Política Nacional para os Trabalhadores Rurais Empregados;

– Retomada do programa Bolsa Verde, de apoio à conservação ambiental.

“É uma alegria enorme estar aqui mais uma vez. A felicidade é ainda maior por poder assinar, na frente de todas vocês, esses atos que convergem para a autonomia e inclusão produtiva das mulheres rurais. A retomada da reforma agrária com atenção especial às famílias chefiadas por mulheres. Os quintais produtivos para segurança alimentar e nutricional. O estímulo maior à agroecologia para produção de comida de verdade, saudável, sem agressão ao meio ambiente. O acesso à terra, à titulação, ao crédito, equipamentos e todo apoio necessário para plantar e produzir cada vez mais. Prioridades definidas por vocês, demandas que temos o prazer de atender, para que as mulheres do campo, floresta e águas possam viver com dignidade, tendo assegurados seus direitos civis, políticos e sociais”, declarou o presidente Lula.

Bastante emocionada, Mazé Morais, secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora geral da Marcha das Margaridas, emocionou até o presidente Lula com sua fala. Ela explicou que a Marcha das Margaridas deste ano tem um significado muito grande. Foram quatro anos, muitas reuniões, muitas conversas nos roçados, nas beiras dos rios.

“Estamos com muita expectativa, esperança, porque dizemos que essa Marcha de 2023, diferente da Marcha de 2019, que foi a marcha da resistência, essa é a da reconstrução do Brasil e do bem viver.” E completou: “A lindeza da Marcha não é só esse momento de coroação de todo o processo de formação e mobilização que fizemos na base. Foram muitos momentos, nossa pauta foi construída coletivamente com a Comissão e várias organizações parceiras, essa que é a lindeza da marcha. Tenho certeza que não somos somente 100, 200 mil mulheres. Somos milhões que viemos pra cá e estão nos estados. E ver o presidente da República pra nós é uma alegria muito grande. Realmente queremos te agradecer muito”.

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