10/06/2024 2:58 pm

DRP da Juventude proporciona interação entre comunidades diferentes no Tocantins e no Pará

Juventudes do Pará em círculo para iniciar os trabalhos do segundo dia do DRP

O Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu iniciou a aplicação do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) nas regionais. No último final de semana, entre os dias 24 e 27 de maio, as Regionais Tocantins e Pará receberam a assessora de Juventudes Carla Pinheiro para ouvir os jovens e promover conexões entre a realidade das comunidades e o planejamento estratégico que irá definir as próximas atividades.
A ideia é preparar um conjunto de ações para incluir as demandas das juventudes nas prioridades do MIQCB e da Cooperativa Interestadual de Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu (CIMQCB). Isso porque as quebradeiras de coco entenderam que a inserção das juventudes nas pautas do Movimento é necessária e urgente.
No Tocantins, o DRP aconteceu na sexta, 24, e no sábado, 25. As juventudes reunidas participaram de dinâmicas que incentivaram a interação, a reflexão e o trabalho em equipe. “Não é só chegar e perguntar o que eles querem, primeiro precisamos preparar o território para firmar acordos, resgatar histórias, ensinar sobre a importância da luta em defesa dos babaçuais e propor que se envolvam”, completou Carla.

Carla Pinheiro durante a aplicação do DRP no Tocantins

“Estou feliz que eles aceitaram o convite do MIQCB para contribuir”, declarou a coordenadora de base da Regional Tocantins Maria Conceição Barbosa da Silva, que esteve nos dois dias de atividades para compartilhar sua experiência na luta. “Os conflitos mais acirrados aconteceram na década de 80, foi aí que começou a perseguição aos trabalhadores rurais. Nós sentimos a necessidade de organizar a luta para viver”.
Aprender sobre a história de sua origem conscientiza as juventudes a ingressar na luta, por isso a presença das ‘capotas’, assim chamadas as lideranças atuais no MIQCB. Além disso, oportuniza às quebradeiras também conhecerem os atuais desafios sociais enfrentados pelas juventudes. “A maior herança que vocês podem receber é a nossa luta, porque até a terra pode vir alguém e tirar”, provocou a coordenadora de base da Regional Tocantins Maria Silvania Nunes da Paixão.
Ambas as coordenadoras ouviram as construções feitas pelas juventudes. Na aplicação da dinâmica “Tronco, Cortar e Regar”, que consistia em identificar o que é fundamental para as juventudes, o que deve ser eliminado para que a continuidade da luta conte com o envolvimento juvenil e o que deve ser incentivado para que a inclusão deles seja bem sucedida.
Para o jovem Matheus dos Santos Filho, que veio do Projeto de Assentamento II Setor Sede do município de Araguatins, disse que este encontro também contribui para o fortalecimento da permanência dos jovens no campo. “A troca de saberes possibilita o enriquecimento da bagagem cultural e de construção da identidade das juventudes do Bico do Papagaio, principalmente pela forma coletiva como foi feito”.
No Pará, as juventudes se reuniram nos dias 26 e 27 de maio. Os momentos de maior participação foram o resgate histórico e a apresentação de suas comunidades. Embora o diagnóstico também tenha sido bem aproveitado pelos participantes.

Cledeneuza compartilha os motivos de continuar na luta

Enquanto a coordenadora executiva da Regional Pará, Cledeneuza Bizerra, contava sobre seu ingresso na luta, os motivos que a fizeram perseverar até os dias de hoje e o propósito de continuar trabalhando por um futuro melhor para as quebradeiras de coco, as juventudes ouviam atentamente. Relatos como a violência e a intimidação contra as quebradeiras de coco encheram os jovens de dúvidas.
“A gente enfrentou a violência dentro de casa e a discriminação na rua. Hoje, temos maior liberdade para trabalhar. Tudo que é impedimento nós resolvemos na conversa. Ainda sofremos ameaças por causa da nossa profissão, mas como estamos organizadas conseguimos lidar com as situações de forma rápida e forte”, relatou Cledeneuza.
Uma pergunta após a outra era respondida pelas curingas presentes, Iracema Vieira Félix, liderança tronco do MIQCB, contou que em sua jornada na luta conheceu vários países. “Muitos jovens têm vergonha da nossa profissão, mas foi ela que me levou pro mundo. Foi do coco que eu vivi, do coco criei meus filhos. Se a gente se unir todo mundo vai passar a conhecer o babaçu e a respeitar ele, por isso que eu continuo nessa caminhada”.
Depois da conversa com as curingas, os jovens da primeira turma do Centro de Formação falaram sobre as suas experiências em São Luís, e recomendaram: “não tem como explicar, só você indo para entender o quanto a experiência é valiosa”, como apontou a jovem Soraia dos Santos.
Além das Regionais Tocantins e Pará, a Baixada já realizou o DRP. A próxima será em Mearim/Cocais, que tem previsão para o próximo dias 7 e 8 de junho. Segunda a secretária das Juventudes do MIQCB, Maria José Silva, a expectativa é de realizar o pacto geracional. “É a juventude que está aí hoje, quebrando coco, fazendo artesanato ou produzindo os derivados do babaçu que irão herdar a luta, nada mais justo do que incluí-los desde agora”.

Juventudes do Tocantins ao final do DRP
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