Com o tema, “Lute como uma mulher pelas palmeiras em pé!”, Imperatriz sediou o Seminário Babaçu Livre: Território é Vida. Com a participação de cerca de 100 quebradeiras de coco, o evento foi realizado pelo Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu-MIQCB e integra as ações da Campanha Babaçu Livre.
A programação do seminário foi animada por apresentações artísticas e mesas temáticas sobre: a importância do babaçu livre para as quebradeiras e para a proteção da Amazônia e do cerrado maranhense; e apresentação das ações dos órgãos ambientais para proteção da floresta de babaçu no oeste maranhense.
A quebradeira de coco e agricultora familiar do assentamento Vila Conceição, dona Maria Querubina, explica que seminários como esse são fundamentais para a formação das mulheres quebradeiras, para que possam aumentar o nível de consciência sobre seus valores e direitos. “O movimento cresceu e tomou força, por isso, nós precisamos cada vez mais conhecer das leis, saber quem está do nosso lado, ir atrás dos órgãos certos e enxergar o coco babaçu como a nossa identidade”, ressalta.
“As quebradeiras precisam ser inseridas dentro das normativas, para mostrar que nós existimos enquanto comunidades tradicionais a partir das nossas ancestralidades, com o direito de ter o seu modo de vida preservado e respeitado”, explana a coordenadora do MIQCB, Maria Alaídes.
O procurador do Ministério Público Federal (MPF), Filipe Froes, participou de uma das mesas temáticas e colocou-se à disposição das necessidades do movimento. Em suas falas, o procurador destacou acontecimentos que impactaram negativamente a atividade das quebradeiras, como por exemplo, a Lei Estadual de Terras 2979/1969. “Antes da lei, as quebradeiras tinham livre acesso às palmeiras de determinadas terras para realizar a colheita do coco. Mas após a lei, houve uma espécie de privatização, onde, elas precisavam entregar parte do que era produzido aos proprietários daquela área, para que pudessem ter acesso às terras”, explica.
Outra participante do seminário foi a chefe da unidade técnica do Ibama em Imperatriz, Carolina Alves. Segundo ela, o órgão precisa da atuação contínua das comunidades e quebradeiras frente às denúncias relacionadas ao desmatamento das palmeiras de babaçu. “A demanda do Ibama é alta, mas quanto mais se denuncia os crimes, maior será a nossa dimensão sobre os problemas, e assim, conseguiremos estar em campo em um enfrentamento mais abrangente e forte”, ressalta.
CARTA – Dentro da programação do seminário, foi apresentada e lida pelas juventudes uma carta política, assinada pelo vereador de Vila dos Martírios, Francisco Ernesto. A carta reforça a importância do babaçu e missão do MIQCB e pede que, candidatos e candidatas em período eleitoral, se comprometam com o reconhecimento e proteção do modo de vida das quebradeiras de coco babaçu; criem metas e ações em seus programas de governo; se eleitos, que dediquem-se a trabalhar, em suas respectivas câmaras municipais, em prol da aprovação das Leis do Babaçu Livre nos municípios onde ainda não foram promulgadas, e na fiscalização e controle.
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