A desgastada lona de circo não foi suficiente para que o colorido da esperança e resistência se fortalecessem ainda mais. Na primeira plenária do 5º Encontro de Agroecologia do Tocantins intitulado “Territórios Agroecológicos – Tecendo resistências para o campo e a cidade na construção da democracia popular e do bem-viver”, embaixo da velha cobertura circense, histórias de luta sobre a comunidade de Sete Barracas, no município de São Miguel (TO) foram contadas para um público de 300 pessoas, todas de comunidades tradicionais, e integrantes das organizações e movimentos sociais da Articulação Tocantinense de Agroecologia (ATA).
“É preciso rememorar as histórias das pessoas como a de dona Raimunda, Dona Dijé, Dada em um momento tão forte de desprezo e negação da democracia”, enfatizou a antropóloga e ex-presidente do Conselho de Segurança Alimentar (Consea), Maria Emília Pacheco, uma das convidadas da mesa de abertura do Encontro de Agroecologia.
Juntando-se a ela, para falar sobre a conquista da comunidade: Antonio Cipriano, morador antigo da região e viúvo de dona Raimunda (liderança reconhecida nacionalmente e internacionalmente na quebra do coco babaçu), e as quebradeiras de coco babaçu, Emília Alves da Silva Rodrigues, Maria do Socorro Teixeira Lima e Maria Senhora. Todos atuantes e participantes na luta pela regularização fundiária de Sete Barracas.
Mulheres organizadas politicamente que impulsionaram a construção de políticas de inclusão social e desenvolvimento sustentável das regiões onde atuaram, inclusive a comunidade de Sete Barracas, em São Miguel do Tocantins. Heroínas muitas vezes silenciadas, mas, lembradas por aqueles que tiveram a honra de estar ao lado delas na luta. Mulheres que consolidaram e deram voz aos ideais humanitários e ambientais em busca do bem-viver.
Reunir estratégias de luta com ações de mobilização da comunidade e muita coragem e persistência foram às armas utilizadas para que Sete Barracas se torna-se referência na conquistas. Para Antonio Cipriano, “os tempos são outros, reunir tanta gente assim naquela época (década de 80) seríamos com certeza afugentados pelos fazendeiros. Mas a resistência valeu a pena e hoje podemos contar a nossa história”.
Para as quebradeiras de coco babaçu, Socorro e Emília, a organização política das mulheres foi essencial para que os direitos fossem reconhecidos, respeitados e que assim assumissem um protagonismo na luta. “Sentimos que nos sindicatos, formado pela maioria de homens, não tínhamos vez. Era preciso criar instituições, onde pudéssemos sermos ouvidas”, enfatizou dona Socorro. Ela referiu-se a criação da Associação das Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio e do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu.
Para dona Emília Alves, os tempos foram difíceis. “Não tínhamos nenhum dinheiro para pagar a documentação de criação do MIQCB, mas nunca desistimos. Hoje são quase 30 anos de movimento com atuações importantes, chamando a mulher para ocupar o seu lugar na luta”, disse.
De acordo com antropóloga Maria Emília, o caminho da resistência passa por essa articulação e mobilização comunitária política. “A força do campesinato é enorme, é transformadora. As mulheres têm papel estratégico, tanto na cidade, como no campo, nas águas e na floresta as mulheres têm atuação fundamental para garantir a segurança alimentar e nutricional porque são produtoras de alimentos.
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