15/07/2024 7:56 pm

Quebradeiras de coco babaçu contribuem para discussão da Educação Contextualizada na 76ª SBPC em Belém do Pará

O Movimento Interestadual das Quebradeira de Coco Babaçu (MIQCB) e a Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu (CIMQCB) participaram da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que aconteceu em Belém do Pará entre os dias 7 a 13 de julho. Esta foi a terceira vez que a capital do Pará recebeu a maior festa da ciência do país.
O tema deste ano, “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”, aponta para uma perspectiva de inclusão social das comunidades tradicionais, uma vez que são as populações que vivem nos territórios de preservação e proteção ambiental que exercitam o cuidado para com o meio ambiente, assim como sustenta o editorial da SBPC.
“Durante muito tempo prevaleceu a ideia de que a natureza faz suas entregas sozinha; de que as populações que vivem às margens da Amazônia apenas se beneficiam de um meio ambiente pródigo e generoso. Mas as pesquisas científicas mais recentes comprovam que a Floresta Amazônica, por exemplo, é fruto de um sério e cuidadoso manejo da natureza ao longo de centenas ou mesmo milhares de anos. É imperioso, portanto, reconhecer esse mérito, esse trabalho, e fazer com que os povos da floresta recebam, inclusive em termos financeiros, o que fizeram por merecer”, indica o Editorial.

MIQCB
Foram mais de 100 atividades acontecendo na Universidade Federal do Pará em uma semana. Dentre elas, a Mesa de Abertura da Oficina de Conhecimentos Tradicionais contou com a contribuição da Secretária de Juventudes e Coordenadora Executiva da Regional Imperatriz do MIQCB, Maria José Silva. A oficina foi promovida pela World-Transforming Technologies (WTT), uma organização sem fins lucrativos que atua junto a pessoas inovadoras cujos projetos científicos e tecnológicos possuem alto potencial de impacto em larga escala.
“Depois da Abertura, nos dividimos em grupos para melhor desenvolver as discussões, o grupo que participei falava sobre pesquisa, ensino e extensão. Fiz questão de colocar que o Centro de Formação é um incentivo a mulheres quebradeiras de coco e uma oportunidade para que os jovens conheçam a sua história dentro desse grande movimento. Mas é imprescindível que as entidades que se propõem a investir no CFQCB respeitem nosso modo de vida tradicional”, explicou Maria.
Maria ainda contou que ficou impressionada com a estrutura do evento, “tem muitas oficinas, tem muitos estandes de venda com os produtos regionais”. Ela pôde participar de outros espaços e escolheu a exposição de NeuroSensações e disse que a experiência foi interessante. “Foi muito legal ver jovens cientistas contribuírem para a conectividade e inclusão digital, nesse espaço onde estamos discutindo muito sobre ciência, tecnologia e inovação”.
“Esse é um diálogo que já vem sendo construído entre a WTT e outras organizações para pensar em conhecimento, inovação, tecnologias, também considerando saberes de territórios tradicionais, entre quebradeiras indígenas, quilombolas”, é o que conta a assessora das Juventudes, Carla Pinheiro, que acompanhou a equipe do MIQCB em Belém. “Nós também estivemos em outros momentos a convite da WTT, em atividades online para discutir tecnologias, educação contextualizadas, conhecimentos tradicionais, políticas públicas”.

O MIQCB também contribuiu com a nova geração. A jovem artesã do Grupo Pindova Amanda Xavier saiu de sua comunidade em Juverlância, município de Sítio Novo no Tocantins, para participar das atividades da SBPC. Ela visitou estandes de artesanato, culinária típica do Pará e esteve no espaço da juventude onde experimentos sensoriais estavam disponíveis aos visitantes, além d a exposição afro indígena.
Amanda também participou da Oficina de Comunidades Tradicionais da WTT. Nas discussões de grupo, ela contribuiu com os temas “Condições Acesso e Permanência”, “Mapeamento do Percurso Acadêmico” e “Retorno para as Comunidades”. Para a estudante, a oportunidade foi propícia para “fortalecer programas específicos de bolsas, permanência e auxílio à pesquisa para povos de comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e agricultores familiares”.
A ideia é levar essas discussões adiante, principalmente com as juventudes que serão diretamente impactadas para promover e ampliar a inclusão desses povos através estabelecimento de cotas nos concursos públicos; para instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação; cursos de graduação e pós-graduação.
“Precisamos incentivar pesquisas colaborativas, baseada em diálogo entre diferentes atores. Buscamos investimentos em formação continuada e fortalecimento institucional das organizações de base comunitária e dos grupos e comunidades tradicionais, só assim conseguiremos proporcionar acesso a recursos técnicos, financeiros e humanos que possibilitem o desenvolvimento de projetos sustentáveis e de impacto positivo em nossos territórios”, avaliou Amanda.
Carla Pinheiro reforçou a necessidade de incluir os jovens nos eventos. “Encontros assim, que acontecem dentro das Universidades, permitem que as juventudes compartilhem seus anseios a fim de confluir informações, principalmente porque são espaços destinados à construção de conhecimentos e precisam incluir os saberes dos territórios tradicionais, que também produzem inovações e tecnologias sociais”.
Este é o caminho para implementar ações de popularização da ciência, produção de materiais traduzidas para povos de comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e agricultores familiares em diferentes troncos linguísticos de povos indígenas. “O sonho das juventudes tradicionais”, concluiu a estudante.

CIMQCB
Na Feira da Economia Solidária e da Diversidade, as quebradeiras de coco Raimunda Nonata Bezerra de Oliveira e Maria do Rosário Soares Costa Ferreira, ambas diretoras da CIMQCB, cuidaram da exposição dos produtos derivados do babaçu. No estande, biscoito, azeite, óleo extra virgem, artesanatos (cuias, balaios, biojoias, cestas) e farinha de mesocarpo chamaram a atenção do público para o tema Sociobiodiversidade.
Vários movimentos sociais e até produtores independentes ofereceram seus produtos no espaço de comercialização. A Feira contou com a comercialização de produtos de mulheres negras, de povos indígenas, de artesãs, de camponeses e agricultores. Carla Pinheiro ainda ressaltou a importância da presença da CIMQCB. “Foi importante participar, as diretoras da cooperativa ficaram do primeiro ao último dia de evento. Elas se dedicaram bastante”.
“O evento foi muito bom, as vendas foram melhores ainda. Vendemos tudo! No último dia só tinha poucos pacotes de mesocarpo, mas as outras coisas acabam logo de início”, contou Raimunda. Já Maria do Rosário pediu respeito e igualdade de gênero em seu discurso de abertura do Espaço. “Graças à nossa luta, à nossa autonomia, é que nos colocamos como parte da produtividade, da economia, mas nós já sabemos que somos natureza há muito tempo, por isso a nossa vida é defender o babaçual, o babaçu é vida!”

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