Entre os dias 18 a 20 de março de 2025, o Movimento Interessante das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), por meio do projeto Floresta de Babaçu em Pé, realizou o I Seminário de Educação Popular e Contextualizada. O evento reuniu lideranças da coordenação do MIQCB, estudantes egressos do Centro de Formação das Quebradeiras de Coco Babaçu, estudantes universitários do curso de Licenciatura em Educação Campo para Quebradeiras de Agroextrativistas (PROETNOS/UEMA), educadores parceiros, acadêmicos, representantes de movimentos sociais e membros da sociedade civil, para debater coletivamente sobre oportunidades e desafios para uma educação libertadora, construída no âmbito das organizações sociais a partir das identidades, dos territórios e saberes dos povos e comunidades tradicionais.
“Estamos aqui reunidos com várias representações da sociedade, principalmente de territórios tradicionais, para construir coletivamente caminhos para uma educação libertadora, que nasce dos territórios, respeitando os saberes do campo e da floresta, e fortalece a nossa luta por direitos, diversidade e sustentabilidade”, declarou Vitória Balbina, coordenadora executiva que acompanha o Centro de Formação das Quebradeiras de Coco Babaçu.
No primeiro dia, a programação reservou mesas de diálogo e roda de conversa, nas quais foram debatidos os temas: “Educação Popular e Contextualizada: o que é? Para quê? Para quem?”e “Movimentos sociais e a luta por uma educação pensada por nós e para nós”. As temáticas contou com a contribuição de educadoras populares de diferentes organizações, como a Escola Nacional Florestan Fernandes (MST), Escola Nacional de Formação de Meninas Quilombolas (CONAQ), Centro Amazônico de Formação Indígena (COIAB), Centro de Formação dos Povos da Floresta (CPI-AC) e Escola de Educação Popular no Corredor Carajás (GEDMMA/UFMA).
O lançamento de livros de autores agroextrativistas foi destaque no final do dia. A quebradeiras Mestre Ariana Gomes lançou o livro Coco e Cocar: Lutas, Resistências e Identidades, e o agroextrativista doutorando Jessé Lima lançou o livro Babaçu, Terra e Memória de Comunidade: A História em Três Tempos de Lutas. Ambos os livros são fruto das pesquisas de mestrado realizado junto as comunidades tradicionais no Maranhão.
No segundo dia, o Seminário seguiu com uma rica programação de grupos de trabalho com temáticas relacionadas a ações estratégicas, voltadas ao fortalecimento institucional e de formação das quebradeiras de coco babaçu, juventudes e de suas comunidades.
Os Grupos de Trabalho (GTs), abordaram os seguintes temas:
Ao final, os grupos socializaram os trabalhos desenvolvidos na plenária, promovendo a troca de experiências e o alinhamento das propostas construídas coletivamente.
Com muita alegria, na noite de quarta-feira (19), os presentes foram convidados a vivenciar um momento especial com a apresentação da performance “Elas Literatrizando” encenada pela professora e atriz Dayana Roberta, do grupo Teatrar UFMA. Uma homenagem ao Dia Internacional das Mulheres encantou o público com uma mensagem potente: “Não há limites para o que as mulheres podem realizar!” Foi uma noite marcada pela força, criatividade e expressão das mulheres, que emocionou e envolveu a todos. Essa atividade acorreu em parceria com o Projeto Baraúnas dos Sertões: fortalecendo a ATER agroecológica e feminista no semiárido brasileiro (FADURPE).
No último dia da programação foram realizadas duas mesas de diálogo. A primeira reuniu agentes públicos estaduais, para os quais foi feito a leitura e entrega da Carta Reivindicatória, elaborada durante o GT que discutiu “Curso Superior para Diversidade Étnica”. O documento apresenta bases consolidadas fundamentais para a construção de um ensino superior inclusivo, com acesso, permanência e valorização dos saberes tradicionais, a partir de experiências como a Licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Ciências Humanas (PROETNOS/UEMA). A carta foi assinada por 28 representações, entre movimentos, grupos e núcleos de pesquisa, associações, entre outras entidades.
Carta abaixo:
A carta foi recebida pela secretária Adjunta da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP), Amanda Costa, representando o Comitê Estadual da Educação do Campo da SEDUC, Patrícia Sousa, da coordenação do PROETNOS/UEMA, Tatiana Reis e representante do Núcleo de Pesquisadores/as Negros/as da UEMA, Aniceto Cantanhede.
Helena Gomes, presidente da Cooperativa Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (CIMQCB), destacou a participação ativa das regionais do MIQCB – Pará, Piauí, Tocantins, Baixada, Mearim/Cocais e Imperatriz. “A presença das nossas companheiras fortaleceu os debates e reafirmou o compromisso com uma educação que valoriza a cultura, o território e os modos de vida das comunidades. Saímos fortalecidas, com o sentimento de missão cumprida e a certeza de que este é apenas o começo de uma caminhada coletiva pela valorização da educação popular e contextualizada, que respeita e potencializa nosso modo de vida. O Centro de Formação é o Coração do MIQCB”, declarou.
A mesa de encerramento teve como tema “o Esperançar de uma caminhada necessária para fortalecer a educação do campo e no campo”, contou com a participação da Profa. Rita Nascimento do IFMA, Campus Maracanã, Profa. Maria Leda Almeida do Fórum Popular de Educação do Campo, Jessé Lima da Silva, da União Estadual das Escolas Famílias Agrícolas do Maranhão. A mesa apresentou uma mensagem de resiliência diante dos desafios enfrentados no campo, seja pela atuação devastadora do agronegócio, seja pela inoperância do Estado no atendimento das demandas camponesas, contexto em que a união coletiva é fundamental para fortalecer a educação do e no campo.
“Com grande entusiasmo, encerramos o I Seminário de Educação Popular e Contextualizada do MIQCB. Foram três dias de rica programação, trocas de saberes e construção coletiva, onde se fez viva a força da participação popular dos povos e comunidades tradicionais, com destaque especial para as quebradeiras de coco babaçu, guardiãs da floresta e do saber ancestral”, concluiu Ana Maria, coordenadora pedagógica do Centro de Formação.
O evento contou com a participação de diversas organizações: MOQUIBOM, MST, CONAQ, COIAB, CPI-AC, GEDMMA/UFMA, SEDIHPOP, SAF, CEEC/SEDUC, PROETNOS/UEMA, FOPEC, LEDOC/UFMA, IFMA Maracanã, UAEFAMA, MEBI, RAMA, entre outras. Por fim, destacamos que desenvolvimento do I Seminário de Educação Popular e Contextualizada do MIQCB foi possível por meio do apoio do Fundo Amazônia e Fundação Ford.
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