9/04/2025 1:13 pm

Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu Dão Início ao Ciclo de Formação “Babaçu é Clima” no Piauí

Teresina, Piauí – O Ciclo de Formação “Babaçu é Clima” – Quebradeiras de Coco Babaçu rumo à COP-30, teve seu início nesta terça-feira (08) com grande entusiasmo e forte mobilização. O evento, realizado na Casa dos Movimentos Sociais, em Teresina, reuniu mulheres quebradeiras de coco babaçu de diversas regiões do Piauí e aliados importantes na luta por justiça climática e fortalecimento dos territórios tradicionais. A programação do primeiro dia foi repleta de reflexões profundas, resistência e troca de saberes.

Entre os presentes, destacaram-se movimentos sociais como o MST, a OAB/PI e o Movimento Quilombola do Piauí, além de representantes da Secretaria de Agricultura Familiar do Estado, como a Secretária Rejane Tavares, e do Deputado Estadual Francisco Limma, ambos reafirmando seu apoio incondicional à luta das Quebradeiras de Coco Babaçu e à promoção da agroecologia no Piauí.

O debate no primeiro dia foi aquecido com a discussão sobre a COP-30, que ocorrerá em Belém do Pará, em novembro desse ano e com a análise do REDD+, mecanismo internacional criado para combater as mudanças climáticas por meio da conservação das florestas. Porém, foi enfatizado que este mecanismo precisa ser monitorado com rigor para garantir que respeite os modos de vida dos povos tradicionais e suas práticas sustentáveis.

Em um dos momentos mais impactantes do evento, Helena Gomes, presidente da CIMQCB (Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu) e da AMTCOB (Associação das Mulheres Trabalhadoras de Coco Babaçu), compartilhou sua experiência sobre os desafios enfrentados pelas mulheres quebradeiras ao lidarem com as dificuldades de centralizar suas identidades e funções. “A mulher sempre pode fazer um projeto do Fundo Bbaçu, mas não conseguimos elaborar muitos projetos por medo de assumir uma liderança, de ser presidente ou diretora da associação local”, relatou Helena, destacando ainda as dificuldades enfrentadas pelas associadas, como a confusão de se identificarem também como pescadoras, quilombolas e indígenas, mas sem saber como conciliar essas diversas funções. “Essas mulheres enfrentam obstáculos como, por exemplo, a recusa em continuar associadas à cooperativa de coco porque o INSS as reconhece como empresárias e, com isso, não podem se aposentar. Isso prejudica sua sobrevivência e a de suas famílias”, completou.

O evento também contou com a presença de Ana Cristiana Silva, bióloga e pesquisadora da UFBA, que alertou sobre o modelo de desenvolvimento que ainda prevalece no Brasil, focado na exploração dos recursos naturais em detrimento de alternativas mais sustentáveis. “Há uma resistência política em abraçar uma matriz ambientalmente sustentável, o que reflete diretamente nas políticas públicas que serão apresentadas na COP-30. Precisamos estar atentos e engajados nesse debate”, destacou Ana Cristiana.

Já Francisco Sousa, dirigente do MST no Piauí, pontuou a necessidade de articular com os diferentes segmentos da sociedade para garantir que as questões ambientais e a justiça climática sejam priorizadas nas discussões nacionais e internacionais. “É essencial que entendamos as diferentes visões sobre o desenvolvimento no Brasil e possamos construir uma pauta sólida para a COP-30”, afirmou Sousa.

No segundo dia de atividades, o evento seguiu com trabalho em grupos, onde foram discutidas questões centrais sobre os desafios ambientais enfrentados pelas comunidades tradicionais e as ações de resistência que estão sendo realizadas pelas Quebradeiras de Coco. Perguntas norteadoras foram levantadas, como: “Quais os principais problemas ambientais enfrentados hoje?”, “Como as mudanças climáticas têm afetado nosso modo de vida?” e “Quais os resultados já alcançados e onde queremos chegar?”

Um Caminho de Esperança e Resistência

Com a voz firme das mulheres quebradeiras de coco, que têm sido as grandes protagonistas na preservação das florestas e no enfrentamento das mudanças climáticas, o evento reafirma a importância de fortalecer as políticas públicas voltadas para os povos tradicionais e garantir a implementação de mecanismos internacionais, como o REDD+, que respeitem seus direitos e modos de vida. A caminhada rumo à COP-30, com uma agenda pautada pela agroecologia, justiça climática e respeito aos saberes ancestrais, ganha força a cada dia.

O que fica claro é que, para as Quebradeiras de Coco Babaçu, o futuro será construído com mais união, força e conhecimento, para garantir um planeta mais sustentável e justo para todos.

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