Nesta sexta-feira, 2 de maio, o Centro de Formação das Quebradeiras de Coco Babaçu (CFQCB) completa dois anos de funcionamento, consolidado como um espaço de referência na formação política, técnica e organizativa das mulheres quebradeiras de coco babaçu dos estados do Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí. A data é marcada pela celebração dos avanços alcançados desde a inauguração, com destaque para os resultados concretos das ações formativas e para o fortalecimento das parcerias institucionais e educacionais.
Em dois anos, o CFQCB formou 98 estudantes — entre mulheres adultas e juventudes — em iniciativas estruturadas com base na pedagogia da alternância. Foram desenvolvidas quatro turmas com essa metodologia, que valoriza os saberes do território e a vivência comunitária como parte central do processo educativo. Além disso, foram promovidos quatro intercâmbios comunitários que estimularam o diálogo entre diferentes realidades e fortaleceram a articulação entre grupos locais.
Resultados e impacto nas comunidades
Ao longo desses dois anos, o centro tem desempenhado papel estratégico na formação de lideranças, no engajamento da juventude e na defesa do modo de vida tradicional baseado no extrativismo sustentável.
“O CFQCB é um território de esperança e autonomia. Ver as estudantes construindo seus projetos, defendendo suas ideias e fortalecendo suas associações é a confirmação de que estamos no caminho certo”, afirma Bárbara Akroá Gamella, coordenadora do Centro de Formação.
O engajamento da juventude nas atividades do movimento aumentou significativamente, com jovens assumindo papéis ativos nos processos organizativos e nas agendas políticas do MIQCB. Lideranças também ampliaram sua capacidade de captação de recursos e elaboração de propostas, com aprovação de projetos nos Editais do Fundo Babaçu. Foram dezoito estudantes egressos que participaram ativamente dos Editais 6, 7 e 8.
É o caso da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Buriti (MB), que teve um projeto aprovado após ser idealizado durante o curso. “Meu nome é Evânia, represento a Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Buriti, (AMB), e o projeto, eu tive conhecimento do Edital no Centro de Formação das Quebradeiras de Coco, no qual eu fiz o curso, e esse projeto foi começado a ser construído no curso. Posteriormente a gente concluiu ele com a ajuda da Yuki, da Apató, e é um projeto que vai ajudar nossas artesãs a ter um melhoramento nas peças, e comprar equipamentos que a gente não tinha. Vai ajudar na renda das famílias que participarão do curso, e também dar visibilidade para a Associação de Mulheres, que também é o foco: voltar a mostrar os trabalhos que a Associação desenvolve. A gente colocou no projeto para termos15 pessoas beneficiadas, só que o quanto mais a gente conseguir viabilizar a participação serão bem-vindas.”
Reconhecimento e parcerias ampliadas
O trabalho desenvolvido pelo CFQCB ganhou visibilidade nacional ao ser semifinalista do Prêmio LED – Luz na Educação 2025, promovido pela Rede Globo em parceria com a Fundação Roberto Marinho. O reconhecimento destaca a importância da proposta pedagógica e da atuação do centro na promoção da educação popular voltada às realidades dos povos do campo.
O centro mantém parcerias estratégicas com instituições como a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e o Instituto Federal do Maranhão (IFMA), com destaque para a articulação em curso visando a implantação de uma Licenciatura em Educação do Campo com ênfase em Ciências Humanas da UEMA. Atualmente, o corpo formativo do centro conta com o apoio de 55 professores e monitores voluntários, reforçando o caráter coletivo e colaborativo do projeto.
Além das parcerias educacionais, o CFQCB conta com o apoio institucional das organizações Fundo Amazônia e Fundação Ford, que têm contribuído de forma decisiva para a manutenção e expansão das atividades.
Perspectivas futuras
A celebração dos dois anos do CFQCB reafirma o compromisso do MIQCB com a educação como ferramenta de transformação social. Os próximos passos incluem a ampliação das formações, a consolidação do curso superior em parceria com universidades públicas e o fortalecimento da sustentabilidade institucional.
Mais do que um espaço físico, o CFQCB tornou-se um território de resistência, formação e mobilização, onde as quebradeiras de coco seguem construindo, com autonomia, o futuro que desejam.
“Antes do curso, eu não imaginava o quanto a gente pode transformar a realidade a partir do nosso território. Hoje eu me sinto mais forte, mais consciente e com vontade de continuar estudando e lutando pelas nossas comunidades”, diz Maria Glória Machado, jovem estudante do Piauí e egressa de uma das turmas de juventudes do CFQCB.
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