7/05/2025 3:37 pm

Quebradeiras de Coco Babaçu realizam Conferência Regional sobre Clima na Baixada Maranhense

Nos dias 24 e 25 de abril, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) – Regional Baixada Maranhense realizou, no Território Indígena Taquaritiua, em Viana (MA), a Conferência Regional do MIQCB sobre o Clima. O evento faz parte de uma série de formações preparatórias que estão sendo realizadas nas seis regionais do Movimento, rumo à participação na COP-30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontecerá em Belém (PA), em 2025.

O ciclo de conferências busca ampliar o entendimento das quebradeiras de coco babaçu sobre o cenário climático global, instrumentos como o REDD+ e fortalecer o protagonismo das comunidades tradicionais na construção de propostas para enfrentar os desafios ambientais atuais.

Com o tema “Babaçu é Clima: Quebradeiras de Coco Babaçu Rumo à COP30”, o primeiro dia da atividade foi marcado por momentos de formação, troca de saberes e mobilização. Durante a programação, Renata Cordeiro, assessora jurídica do MIQCB, trouxe um panorama sobre as Conferências das Partes (COPs), explicando o funcionamento dos acordos internacionais e o papel dos países nas decisões climáticas.

“As COPs são espaços estratégicos onde se discutem os caminhos para enfrentar as mudanças climáticas, mas infelizmente ainda são espaços dominados por governos e grandes corporações. Os movimentos sociais, que de fato protegem os territórios e o clima, quase não têm espaço para contribuir – entendemos que isso está errado. É justamente quem vive e cuida da floresta que deveria ser ouvido. Mesmo assim, é fundamental que o MIQCB e outros movimentos levem suas vozes e suas pautas”, destacou Renata.

Outro momento de destaque foi o debate sobre racismo ambiental e reflexão com o tema “Que Clima é esse? ”, conduzido por Ariane Gomes, Secretária da Rama, que provocou uma análise crítica entre as participantes.

“O racismo ambiental atinge diretamente nossos corpos. São decisões tomadas sem nos consultar, afetando nossas vidas e nossos territórios. O que o MIQCB está fazendo aqui é essencial: mesmo que nem todas estejamos dentro das grandes salas de decisão, a exemplo da COP 30, estamos entendendo e nos preparando aqui nesses dias de capacitações. Defender a palmeira de babaçu é defender nossos corpos” — afirmou Ariane.

A coordenadora do MIQCB na Regional Baixada Maranhense, Vitória Balbina, ressaltou a importância da formação política e ambiental das quebradeiras de coco.

“Espaços como este são fundamentais. O clima muda e afeta diretamente nossas vidas, nossos modos de viver, nossa produção e a gente não pode calar diante dessas situações emergenciais que afeta nossos territórios. As quebradeiras não apenas protegem as florestas de babaçu, nós construímos soluções para a crise climática a partir dos nossos saberes e práticas tradicionais” – afirmou Vitória.

Rosa Gregória, quebradeira de coco e diretora da CIMQCB – Cooperativa Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu-, trouxe um relato direto dos impactos das mudanças climáticas sentidos no cotidiano.

“Antes, no mês de abril, a gente quase não saía para coletar coco por causa da chuva intensa. Hoje, quase não chove. O calor aumentou muito e sentimos isso nos nossos corpos. A luta que fazemos é pela permanência nos nossos territórios, pela defesa da nossa forma de vida e pela preservação do meio ambiente como um todo” — destacou Rosa.

No segundo dia a programação contou ainda com a participação e contribuição de Davi Pereira, consultor do Tenure Facility, parceiro do MIQCB. Davi destacou a importância da iniciativa do MIQCB de levar o tema da COP-30 até as comunidades.

“Eu penso que é superimportante realizar eventos como esse nos territórios. Afinal de contas, é a partir do território que se constrói o argumento de defesa territorial. Quando a gente trabalha a partir da nossa própria realidade, a compreensão é muito mais forte. A COP, para muitas pessoas, parece algo distante. Mas, quando entendemos a importância dela a partir dos reflexos no território, tudo ganha mais sentido”.

“Fazer esse trabalho de base, discutindo o que pode ser levado como proposta para a COP, é essencial. Inserir demandas em documentos oficiais como as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) é fundamental, porque é através das NDCs que o Estado apresenta suas propostas e compromissos. Por isso, é essencial que o movimento consiga inserir suas reivindicações dentro desse documento, pois ele é o instrumento político oficial que o Brasil levará para a Conferência (COP 30)”, finalizou Davi.

Participaram da Conferência Regional quebradeiras de coco dos municípios de Penalva, Viana, Cajari, Matinha, Pedro do Rosário e Monção. Esta foi a terceira conferência regional realizada: antes da Baixada Maranhense, encontros ocorreram nas regionais do Piauí e do Pará.

marca do MIQCB

MIQCB

MOVIMENTO INTERESTADUAL DAS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU

REDES SOCIAIS

LOCALIZAÇÃO

Rua da Palma, nº. 489 - Centro Histórico

São Luís - Maranhão

CEP: 65010-440

CONTATO

Fone: (98) 3268-3357

E-mailmiqcb@miqcb.org.br

Webmail