O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), por meio da Regional Pará, encerrou o mês de outubro com o 1° Torneio de Quebra de Coco Babaçu, realizado no Rancho dos Padres, em São Domingos do Araguaia/PA. O evento reuniu várias mulheres em um momento de força, partilha e conscientização, com o apoio da equipe municipal de saúde, que promoveu palestras sobre a prevenção do câncer de mama e do colo do útero em alusão ao Outubro Rosa. Mais do que uma competição, o torneio simbolizou a união, a resistência e a valorização do trabalho das quebradeiras, que transformam o coco babaçu em sustento, cultura e esperança.
Para Cledeneuza Maria Bezerra, quebradeira de coco e coordenadora executiva do MIQCB, o momento foi de alegria e incentivo coletivo. “É muito importante estarmos aqui nessa quebra de coco, pois incentivamos muitas pessoas que às vezes se sentem desanimadas e não querem participar de um momento tão importante como esse. Para nós, é uma terapia, essa alegria de estarmos juntas fazendo esse trabalho.”
A coordenadora da Regional Pará, Maria de Fátima, destacou o papel educativo e integrador da ação. “Estamos aqui com o apoio da equipe de saúde municipal, que fez palestras para as mulheres sobre o Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de colo do útero e de mama. Depois tivemos o mutirão de quebra de coco, que traz mais união, fortalecimento e visibilidade para o movimento.”

Para muitas quebradeiras, o torneio foi um símbolo de pertencimento e superação. Deuzalina Lopes, quebradeira de coco, expressou sua emoção. “Para mim, participar desse torneio de quebra de coco no nosso município é muito gratificante, maravilhoso e emocionante. É uma alegria poder estar aqui com todas essas mulheres.”
A enfermeira Silmaria reforçou o compromisso da equipe de saúde com as mulheres quebradeiras. “Viemos levar conscientização e prevenção ao câncer de colo do útero e ao câncer de mama a essas mulheres que fazem a diferença aqui no nosso município e também em municípios vizinhos. A Secretaria de Saúde está presente, somando forças com esse grande evento.”
Para a professora Margarida Negreiro, da UNIFESPA, o torneio representou mais que um gesto simbólico, foi uma ponte entre saberes populares e políticas públicas. “Esse torneio começou de uma forma muito bonita, com um momento forte de conscientização e discussão sobre a saúde da mulher. Achei incrível ver a aproximação com a Secretaria de Saúde e outras instituições, vínculos que são essenciais para garantir que esses serviços cheguem a quem precisa.”
O assessor jurídico do MIQCB, Eran Paulo, destacou o significado mais profundo da quebra do coco. “A quebra do coco não é apenas uma forma de gerar renda. É uma forma de produzir esperança e dignidade para que essas mulheres possam viver com respeito, mesmo diante das dificuldades que enfrentam.”
Encerrando o evento, Wira Suruí, militante indígena e professora da aldeia Akamassyron, trouxe uma reflexão sobre a união entre saberes tradicionais. “Vim falar sobre a importância das quebradeiras de coco e do trabalho que elas exercem com tanto amor e dedicação. É uma cultura que precisa se entrelaçar com outras, como os movimentos indígenas, porque ambas fortalecem a soberania alimentar e a preservação da vida. Esses conhecimentos precisam ser passados de geração em geração para que permaneçam vivos e valorizados.”

O 1° Torneio de Quebra de Coco Babaçu foi mais do que uma celebração: foi um lembrete de que cuidar da saúde também é valorizar a cultura, a coletividade e o território. Entre risadas, partilhas e conscientização, o evento reafirmou o compromisso das quebradeiras com a vida, a natureza e a dignidade das mulheres da palmeira.
Realização: MIQCB e AMISU Pará
Apoio: Lei Aldir Blanc — Governo do Pará