
Belém do Pará — O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) lançou, na tarde deste sábado (15), a websérie “Babaçu Livre: territórios, mulheres e clima”, uma produção que apresenta, em linguagem acessível e sensível, a vida, o trabalho e a luta das quebradeiras pela defesa dos babaçuais, da sociobiodiversidade e da justiça climática no Brasil.

O lançamento integrou a programação da COP30 e reuniu quebradeiras de todas as regionais, pesquisadoras, representantes de movimentos sociais, comunicadores populares e parceiros institucionais. A exibição foi seguida pela roda de conversa “A importância das NDC das Quebradeiras de Coco para a justiça de gênero e climática no Brasil”, que aprofundou debates sobre território, políticas públicas e direitos das comunidades tradicionais.
Uma produção que nasce dos territórios
A websérie apresenta experiências reais das quebradeiras de coco babaçu nos quatro estados de atuação do MIQCB, revelando desafios históricos como a luta pelo acesso aos babaçuais, os impactos da insegurança territorial, os conflitos fundiários, além de caminhos concretos para fortalecer o protagonismo das mulheres na ação climática.

A coordenadora-geral do MIQCB, Maria Alaídes, destacou que a série é lançada em um momento crítico da luta por direitos fundamentais, especialmente a urgência da assinatura do decreto de regularização fundiária dos territórios tradicionais:
“Essa websérie mostra que nós não estamos pedindo favor. Estamos reivindicando o direito de existir nos nossos territórios. Em todos os espaços, fizemos incidências, dialogamos com ministérios, cobramos a assinatura do decreto. Mas o que ouvimos é que ‘ainda precisa passar por isso e aquilo’. Nós não queremos muito: queremos só ver nosso direito reconhecido. Queremos saber onde podemos viver nessa terra. Não estamos disputando lote, estamos falando de territorialização, de todos os direitos garantidos na Constituição. O que nos anima é ver no decreto, logo no começo, o reconhecimento do Babaçu Livre. Se ele fosse assinado, diríamos: valeu a pena lutar. Mas seguimos enfrentando insegurança territorial, invasões e todos os impactos que recaem sobre as quebradeiras.” — Maria Alaídes, coordenadora-geral do MIQCB.
A fala emocionou o público e reforçou o sentido político da websérie: comunicar para visibilizar, visibilizar para transformar.
Debate sobre NDCs: clima com rosto de mulher
Após a exibição da websérie, a roda de conversa trouxe reflexões sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a necessidade de reconhecer que as quebradeiras assim como outras comunidades tradicionais são fundamentais para que o Brasil cumpra suas metas climáticas.

A Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais do Ministério do Meio Ambiente, Edel Moraes, destacou a centralidade da identidade coletiva na construção de políticas climáticas eficazes:
“Quando falamos de juventude quebradeira, estamos falando de direito à permanência no território. Estudamos, chegamos à universidade, mas queremos ter o direito de decidir se ficamos ou não na nossa terra e não sermos expulsos ou levados para fora como mão de obra barata. A identidade que carregamos não é cargo, não é título. É transgeracional, passada de mãe para filha, de vó para neta. É nossa força. E ninguém tem o direito de dizer quem somos. Precisamos garantir que essa identidade seja respeitada nas políticas públicas e nos compromissos climáticos do Brasil.” Edel Moraes, Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (MMA).
O debate destacou que as NDCs não podem ser construídas apenas com indicadores técnicos, mas sim a partir da perspectiva de quem protege a sociobiodiversidade em especial, as mulheres que mantêm a floresta de pé.
Comunicação popular como estratégia de incidência

A websérie foi reconhecida como uma ferramenta estratégica para ampliar a compreensão da sociedade sobre o papel das quebradeiras no enfrentamento à crise climática e para fortalecer a incidência política do MIQCB em espaços nacionais e internacionais.
Participantes reforçaram que comunicar é também proteger: preservar memórias, denunciar violações, inspirar juventudes e reivindicar direitos essenciais para a vida nos territórios.
Território, justiça de gênero e clima: uma agenda inseparável
O lançamento da websérie e o debate sobre as NDCs reafirmam que o MIQCB segue fortalecendo sua presença na COP30 com uma agenda estruturante, que integra:
Regularização fundiária dos territórios tradicionais
Implementação e ampliação da Lei Babaçu Livre
Financiamento direto para organizações comunitárias e mulheres
Participação efetiva das quebradeiras nos espaços de decisão climática
A série “Babaçu Livre: territórios, mulheres e clima” passa a ser um instrumento fundamental para comunicar essa agenda e reforçar a mensagem que guia a atuação das quebradeiras no Brasil e no mundo:
“Babaçu é Clima Mulheres quebradeiras em luta pela justiça climática.”


















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