12/06/2025 12:30 pm

“Ainda Estamos Aqui!” — MIQCB leva a voz das quebradeiras de coco às negociações globais sobre o clima em Bonn, Alemanha

Embora Belém do Pará esteja no centro das atenções por sediar, em novembro de 2025, a maior conferência global sobre o clima, é importante lembrar: as articulações internacionais começaram bem antes da COP30.

Com o objetivo de ampliar sua atuação e somar forças no cenário climático internacional, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB participou, entre os dias 10 e 13 de junho, da 13ª Reunião do Grupo de Trabalho Facilitador (FWG) da Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas (LCIPP), vinculada à UNFCCC. O encontro aconteceu em Bonn, na Alemanha, e integra um esforço global para garantir a participação efetiva de povos indígenas e comunidades locais nas decisões sobre a crise climática.

Além do MIQCB, estiveram presentes representantes de povos indígenas e comunidades locais de diversos países, como Brasil, México, Peru, Guatemala, Canadá, Bolívia e Ilha Dominica. A reunião contou ainda com representações de cinco continentes do planeta — América, África, Ásia, Europa e Oceania — um reflexo da diversidade e da importância global do diálogo promovido pela Plataforma LCIPP.

O objetivo central do encontro é assegurar que as políticas climáticas globais sejam informadas pelas perspectivas e saberes dos povos indígenas e comunidades locais, fortalecendo a justiça climática e a integração de conhecimentos tradicionais.

Estão participando das atividades a coordenadora executiva do MIQCB, Marinalda Rodrigues, e a assessora, Sandra Regina Monteiro. Durante a programação, Marinalda levou a voz das quebradeiras de coco ao centro das discussões internacionais. Em sua fala, ela declarou:

“Sou Marinalda Rodrigues, mulher, quebradeira de coco babaçu. Venho de uma comunidade local situada na transição entre o Cerrado e a Amazônia. Estou aqui para trazer a voz de mulheres de mais de 100 comunidades que vivem do uso sustentável da biodiversidade brasileira e que protegem o clima. Reivindicamos um processo verdadeiramente colaborativo de participação e engajamento nesta Plataforma.”

Em seguida, reforçou o chamado coletivo por justiça e reconhecimento:

“Estamos comprometidas com uma construção coletiva, mas isso só é possível com equidade e reconhecimento mútuo. Queremos ver mais comunidades locais presentes neste espaço, sendo incluídas nas negociações e nas decisões das políticas climáticas.
Nós ainda estamos aqui! E enquanto estivermos aqui, vamos seguir fazendo o que sempre fizemos: cuidando da Terra, defendendo nossos territórios, exigindo financiamento e justiça climática.”

A 13ª Reunião do FWG também teve como foco a implementação do Plano de Trabalho de Baku (2025–2027), estruturado em seis abordagens coletivas interligadas. Entre os principais temas debatidos, destacam-se:

✅ A eleição das novas lideranças do FWG;
✅ A transição para a nova coorte 2025–2027, com equilíbrio geográfico e de gênero;
✅ A revisão das abordagens coletivas e cooperação com órgãos da UNFCCC;
✅ O calendário de atividades obrigatórias de 2025;
✅ O encaminhamento dos mandatos da COP 29 (decisão 14/CP.29);
✅ Sessões práticas para operacionalizar cada abordagem coletiva.

Também participam das atividades as seguintes organizações brasileiras: Rede de Povos e Comunidades Tradicionais, Articulação PomerBR, Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA, Rede Cerrado, Terra de Direitos, Operação Amazônia Nativa – OPAN, Instituto Centro de Vida, Fórum Popular Socioambiental de Mato Grosso – FORMAD, Instituto Sociedade, População e Natureza, Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB, Comitê Chico Mendes, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB e Instituto Clima e Sociedade.

Oficina estratégica

Realizada antes da 13ª sessão, a oficina preparatória contou com intensa participação das Comunidades Locais. Dela surgiram propostas como a criação de um grupo de trabalho exclusivo para Comunidades Locais (Povos e Comunidades Tradicionais, como chamados no Brasil), garantindo maior protagonismo nas discussões e na elaboração de propostas próprias. Também foi sugerida a leitura de um pronunciamento coletivo com reflexões sobre identidade e formas de representação no espaço internacional.

Na segunda-feira(09/06) aconteceu a reunião de nivelamento apenas com as representações dos movimentos sociais da delegação brasileira e na manhã do dia 10 de junho, aconteceu ainda uma reunião de alinhamento com o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, representados por Marco Túlio e  Luiza Valadares, e diversas organizações de povos e comunidades tradicionais, aliadas no objetivo de assegurar a presença efetiva das comunidades locais nas discussões globais sobre o clima.

Ao final, os participantes reafirmaram sua adesão ao Acordo de Paris e reforçaram a importância de consolidar a LCIPP como um espaço realmente inclusivo. Reconheceram que, embora a participação das Comunidades Locais esteja prevista, ainda existem lacunas relevantes em sua implementação.

Com firmeza e união, encerraram a oficina com a força de uma declaração coletiva:
“Ainda estamos aqui!”

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