7/10/2025 3:45 pm

Comunidades ribeirinhas e quebradeiras de coco se mobilizam contra a explosão do Pedral do Lourenço

Na última segunda-feira (29/09), o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) esteve na comunidade da Vila Tauiry, zona rural de Itupiranga (PA), para participar de uma audiência pública sobre a proposta de derrocamento do Pedral do Lourenção — projeto que prevê a explosão de formações rochosas no rio Tocantins com o objetivo de viabilizar a navegação de embarcações de grande porte pela Hidrovia Araguaia-Tocantins.

A intervenção prevê a explosão de aproximadamente 35 quilômetros do pedral, o que pode causar impactos irreversíveis ao rio, à biodiversidade e aos modos de vida tradicionais das comunidades que dependem do Tocantins para viver.

O encontro, realizado pelo Ministério Público Federal (MPF), reuniu quebradeiras de coco babaçu, pescadoras, representantes de instituições públicas e organizações sociais, que manifestaram preocupação com os impactos da obra sobre o território e o modo de vida das comunidades tradicionais da região.

“Esse projeto da hidrovia vai mudar o curso do rio e trazer muitos prejuízos. As quebradeiras vão perder o acesso às áreas onde colhem o babaçu e os pescadores também vão ser atingidos. É a nossa vida que está em risco, porque a pesca e o babaçu são o sustento das famílias dessa e de várias comunidades ribeirinhas”, declarou Cledeneuza Oliveira, coordenadora executiva do MIQCB Regional Pará.

Deusélia da Silva, nascida e criada na Vila Tauari, destacou que a comunidade nunca foi ouvida sobre as mudanças que estão sendo planejadas:

“Somos quebradeiras e pescadoras. Estamos querendo um posto de saúde, uma delegacia. Nunca nos perguntaram o que queríamos. Não queremos que quebrem a Pedra do Lourenço, porque vamos perder tudo. Aqui é uma bacia, uma riqueza pra nós.”

A preocupação também foi compartilhada por Maria de Sousa, coordenadora de base da regional Pará, que ressaltou o risco que a hidrovia representa para a segurança e a sobrevivência das quebradeiras:

“Com essa hidrovia acontecendo, não temos como passar. Nós pegamos o coco do outro lado, em rabetas, e vamos naufragar por causa das grandes embarcações. Nós sobrevivemos do coco e da pesca, isso não pode acontecer, porque vamos enfraquecer. Nossa comunidade vai sofrer um grande impacto.”

Durante a audiência, as quebradeiras reforçaram a importância de serem incluídas no debate sobre o futuro do território, alertando que qualquer alteração no curso natural do rio afeta diretamente a coleta do babaçu e a pesca artesanal — atividades que sustentam famílias há gerações. Elas defenderam que o desenvolvimento da região deve respeitar os modos de vida tradicionais e garantir a permanência das comunidades nos territórios.

Obra suspensa

A obra de derrocamento está suspensa desde julho deste ano, após decisão da Justiça Federal, que proibiu o início dos trabalhos e anulou a licença ambiental emitida pelo Ibama, apontando falhas no processo de licenciamento.

“Nossa expectativa é que a decisão da Justiça seja baseada na escuta das comunidades e na correção de todas as irregularidades. O MPF quer garantir que os direitos dessas populações sejam respeitados”, concluiu o procurador Rafael Martins.

Repórter: Sthéfany Gomes | Edição: Claudilene Maia (ASCOM/MIQCB)

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