O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), Regional Pará, realizou a Oficina de Cartografia Social, promovida pela iniciativa ArticulaFito – Cadeias de Valor em Plantas Medicinais, em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). A atividade aconteceu em São Domingos do Araguaia (PA), de 28 a 30 de outubro de 2025.
O encontro reuniu quebradeiras de coco, pesquisadoras, representantes institucionais e parceiras locais em três dias de atividades voltadas ao mapeamento participativo dos territórios e à valorização das cadeias produtivas do babaçu, fortalecendo a identidade, a saúde e a autonomia das comunidades.
“Essa oficina com a Fiocruz é um sonho que há muito tempo vem sendo traçado,” afirmou Cledeneuza Maria Bezerra, quebradeira de coco e coordenadora executiva do MIQCB. “Nosso desejo sempre foi ser parceiro da Fiocruz, receber orientações e divulgar o nosso trabalho — como nós fazemos, como nós vivemos. Aqui no Pará as quebradeiras ainda não são bem reconhecidas, mas com o MIQCB ganhamos visibilidade.”

Durante a oficina, foram elaborados mapas participativos com a contribuição das mulheres, representando seus territórios, suas práticas produtivas e os potenciais de desenvolvimento sustentável da cadeia do babaçu. O processo também permitiu a troca de saberes sobre saúde, meio ambiente e enfrentamento das mudanças climáticas.
Valcler Rangel, vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, destacou: “estamos aqui em São Domingos com o projeto ArticulaFito para construir um documento que será apresentado na COP30, mostrando que aqui existem potencialidades essenciais para colocar a saúde no centro da discussão sobre a crise climática.”
Para Roselice Rodrigues, coordenadora do MIQCB e vice-presidente da CIMQCB, o encontro foi um espaço de fortalecimento coletivo. “Falamos sobre saúde, sobre o adoecimento das pessoas e sobre os problemas da comunidade. Quando a gente se junta em um ambiente desses, a gente se fortalece — porque nós, mulheres, somos como as águas: cada vez que se juntam, se fortalecem.”
“Essa oficina é extremamente importante para a proteção dos territórios das quebradeiras de coco babaçu frente à guerra química que ocorre não só no Pará, mas em outros estados. É uma ação essencial para proteger a saúde dessas mulheres, desses territórios e da vida de forma geral.” Como destacou Josilene Ferreira, professora e parceira do MIQCB, ressaltou o caráter estratégico da atividade.

Fernanda Savicki, pesquisadora da Fiocruz Ceará, evidenciou a dimensão técnica e política do processo. “Aqui em São Domingos estamos discutindo os babaçus junto com o MIQCB e as comunidades, construindo mapas de referência do trabalho e dos potenciais avanços dessa cadeia. É um exercício de valorização da cultura, do trabalho e de como podemos incidir melhor em políticas públicas que contribuam para a cultura alimentar e o desenvolvimento local.”
A Oficina de Cartografia Social reafirmou o compromisso do MIQCB e da Fiocruz em fortalecer as cadeias de valor do babaçu e promover a autonomia das mulheres quebradeiras, reconhecendo o papel fundamental que desempenham na conservação ambiental, na saúde coletiva e na economia solidária dos territórios.


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